Aconteceu o que era esperado e merecido. No vácuo da mais dura punição da história do atletismo, o conselho da Associação Internacional das Federações de Atletismo (IAAF, na sigla em inglês), decidiu, nesta sexta-feira (17), banir a Rússia dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, em razão de doping.
A informação é da rede britânica BBC e do jornal inglês “The Guardian”, mas o anúncio oficial será feito em Viena, capital austríaca, após reunião da cúpula da IAAF.
A decisão é a maior punição imposta a um país em apenas um esporte, provocada por seguidos casos de doping. O reconhecimento do doping pela IAAF começou em 1928, por ocasião dos Jogos Olímpicos de Amsterdã.
A Rússia é reconhecida internacionalmente como uma potência olímpica na área do atletismo, com 77 medalhas conquistadas. Somadas as medalhas conquistadas pela extinta União Soviética, apenas os EUA seguem à frente nesse quesito.
Uma comissão independente foi constituída pela Agência Mundial Antidoping (Wada, na sigla em inglês), em novembro de 2015, para apurar as denúncias e acabou por descobrir ousado esquema estatal de dopagem, com foco no atletismo.
O esquema criminoso e desleal, que durou longos anos, contava com a participação de vários personagens, como atletas, técnicos, médicos, o laboratório certificado pela Wada e integrantes do serviço secreto russo, que em muitas ocasiões entraram em ação para burlar os resultados dos testes de dopagem.
De chofre o governo de Moscou negou envolvimento no escândalo, mas as delações de um atleta e de um ex-funcionário da agência russa antidoping desmontou o discurso oficial.
A Wada foi acusada de conivência ao ignorar algumas denúncias de atletas russos, que inconformados resolveram desnudar o esquema criminoso ancorado pelo Kremlin. Desde a guerra fria o esporte é utilizado como instrumento de propaganda por russos e norte-americanos. Com o desmonte da União Soviética e a fragilidade camuflada da Rússia, o governo de Moscou apelou à dopagem como forma de manter a teoria burra da superioridade.