Lava-Jato afronta o País ao tratar a frágil delação de Sérgio Machado como depoimento sagrado

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A Operação Lava-Jato acaba de instituir um novo mantra: “Deus no céu e Sérgio Machado na Terra”. Ex-presidente da Transpetro e protagonista da mais pífia e estranha delação premiada da operação que desmontou o esquema de corrupção conhecido como Petrolão, Machado está sendo considerado como o salvador da humanidade. Isso porque seus depoimentos estão sendo incensados como os mais reveladores de todos.

Sem ter, até agora, comprovadas suas declarações, missão que cabe à força-tarefa, Sérgio Machado é um embuste ambulante e pode colocar a Lava-Jato à beira do precipício. No melhor estilo “metralhadora giratória”, Machado afirmou ter repassado propina a mais de duas dezenas de políticos graduados (sic), na esteira do esquema de corrupção que funcionou deliberadamente durante uma década na Petrobras e suas subsidiárias.

Contudo, o ex-dirigente da Transpetro não apenas deixou de apresentar provas para respaldar as denúncias, mas disse que boa parte dos pagamentos foi feita em dinheiro vivo. Ou seja, o que Machado disse é tão confiável quanto a ideia de Dilma Rousseff de ensacar vento.

Apesar da incontestável fragilidade dos depoimentos, a força-tarefa da Lava-Jato está a considerar a delação de Sérgio Machado como a máxima verdade terrena. O que permite pensar que há algo errado por trás dessa epopeia bandoleira, pois referido acordo foi selado em tempo recorde, sem que as afirmações fossem checadas. A irresponsabilidade chega a tal ponto, que autoridades já afirmam que a Construtora Camargo Corrêa teria omitido informações sobre dois pagamentos de propina, um deles a José Sarney Filho, o Zequinha, atual ministro do Meio Ambiente.


O UCHO.INFO volta a afirmar que no Brasil política faz-se apenas com muito dinheiro – na maioria das vezes de origem ilícita –, o que permite concluir que é grande o número de corruptos nessa seara. Contudo, não se pode fazer uma acusação sem que as respectivas provas sejam apresentadas ou encontradas. Do contrário a Operação Lava-Jato está fadada a se transformar em bate-boca de fundo de quintal.

Ademais, Sérgio Machado tenta passar à opinião pública a falsa ideia de homem honrado que se deixou levar pelo fascínio do dinheiro fácil, mas que agora está mergulhado na vala do arrependimento. Alguém, que afirma ter criado um fundo virtual de investimentos para administrar recursos da roubalheira, não merece crédito.

Não obstante, a nódoa peçonhenta que surge a partir da bisonha delação de Sérgio Machado começa a suscitar a desconfiança dos brasileiros de bem, que, é bom lembrar, não são poucos. A força-tarefa da Lava-Jato, que conseguiu prever a pena máxima de Machado sem que ele fosse julgado, impôs multa ao delator no valor de R$ 75 milhões, montante que será pago com recursos desviados que estão depositados em um trust, instrumento jurídico-financeiro utilizado para administrar grandes fortunas e também para ocultar dinheiro de origem criminosa.

O dinheiro que está depositado no trust e em contas de empresas offshores tem origem no Petrolão, por isso deve ser expropriado e repatriado. A multa deve ser quitada com dinheiro limpo e a família Machado que se vire para arrumá-lo. Se não o fizer, que sejam mandados à prisão todos os envolvidos nesse novo capítulo da roubalheira institucionalizada. Em suma, a delação do gatuno da Transpetro ultrapassou com folga os limites da estranheza.

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