Presidente afastado da Câmara dos Deputados e com o mandato suspenso por determinação judicial, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) parece viver o ápice de seu inferno astral político. Depois de ser derrotado no Conselho de Ética, que aprovou relatório favorável à cassação do seu mandato, Cunha tornou-se nesta quarta-feira (22), réu em novo processo no âmbito da Operação Lava-Jato.
Por unanimidade (11 votos), o Supremo Tribunal Federal aceitou a denúncia contra Cunha por manter contas bancárias na Suíça sem declarar às autoridades brasileiras. O parlamentar nega ser titular das mencionadas na denúncia oferecida pela Procuradoria-Geral da República, mas o uso de trusts (instrumento jurídico-financeiro para camuflar recursos de origem duvidosa) derrubou as alegações do peemedebista.
Com a decisão do STF, o ainda deputado torna-se réu em mais uma ação da Lava-Jato. A denúncia aponta prática de corrupção, lavagem de dinheiro, evasão de divisas e declaração falsa em documento eleitoral.
Em março passado, Cunha foi acusado de receber pelo menos US$ 5 milhões em propina de um contrato do estaleiro Samsung Heavy Industries com a Petrobras.
A denúncia aceita nesta quarta-feira pelo STF destaca que Cunha recebeu, no exterior, propina na esteira da compra, pela Petrobras, de um campo de petróleo em Benin, na África Ocidental. Fechado em 2011, a transação custou R$ 138 milhões à estatal e proporcionado propina de R$ 5,2 milhões para Eduardo Cunha.
O segundo revés do dia para Cunha foi outra decisão do STF, que manteve sob o comando do juiz Sérgio Moro, da 13ª Vara Federal de Curitiba, os processos a que respondem Cláudia Cordeiro Cruz e Danielle Cunha, esposa e filha do parlamentar, respectivamente.
No rastro da decisão envolvendo a mulher e a filha, Cunha pode rever seu plano político de esticar sua resistência diante do processo de cassação, que deve chegar ao plenário da Câmara em breve. O peemedebista tentava manter no Supremo os processos de que são alvo Cláudia e Danielle.