STJ nega liberdade a Dirceu, que deve explicação sobre contratação de caros e renomados criminalistas

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Não será dessa vez que José Dirceu de Oliveira e Silva reencontrará a liberdade, mesmo que provisória. Preso na Operação Lava-jato e condenado em primeira instância a 23 anos e três meses de prisão – por corrupção passiva, lavagem de dinheiro e organização criminosa –, Dirceu teve negado nesta quarta-feira (22), pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), pedido de liberdade. Trata-se do segundo pedido de habeas corpus negado no escopo da Lava-Jato. O primeiro foi negado pelo Tribunal Regional da 4ª Região (TRF-4) em outubro passado.

No recurso apresentado ao STF, os advogados do petista alegaram que a prisão não era mais necessária, uma vez que o cliente não oferece perigos à sociedade. Entre o que alega a defesa de José Dirceu e a realidade dos fatos há uma enorme diferença.

Contudo, o Ministério Público Federal (MPF) contestou o recurso, sob o entendimento de que a liberdade do ex-chefe da Casa Civil poderia proporcionar a “reiteração de delitos”.


O ministro Felix Fischer, relator do recurso, votou contra a soltura, alertando para a gravidade do modus operandi de Dirceu. De acordo com as investigações, o petista teria simulado contratos com empresas para receber R$ 1,7 milhão de propina a partir do esquema de corrupção que funcionou de forma deliberada durante uma década na Petrobras.

A ousadia de José Dirceu é tamanha, que o período mais rentável nesse cenário de roubalheira foi aquele em que o petista estava cumprindo pensa de prisão no complexo penitenciário da Papuda, em Brasília, por causa de condenação na Ação Penal 470 (Mensalão do PT). A defesa, por sua vez, que não poderia ser menos ousada, afirma que o cliente prestou de fato serviços de consultoria a construtoras e outras empresas.

Dono de personalidade que mescla soberba, deboche e frieza, José Dirceu tem se mostrado especialista em milagre da multiplicação. Não bastasse o período de “vacas gordas” que viveu atrás das grades da Papuda, Dirceu descobriu uma fórmula que lhe permite, mesmo sem trabalhar há meses e alegando não ter dinheiro, contratar um dos mais caros e renomados criminalistas do País.

Considerando que advogados que defendem criminosos do “colarinho branco” não levantam da cadeira sem que o dinheiro esteja na conta bancária, há algo estranho nessa relação entre cliente e defesa.

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