Custo Brasil: provas recolhidas nas investigações desmontam dramalhão embusteiro de Gleisi

(Antonio Cruz - ABr)
(Antonio Cruz – ABr)

Fosse minimamente coerente, a senadora Gleisi Helena Hoffmann (PT-PR) não apenas teria deixado a Comissão Especial do Impeachment, onde atua como integrante da tropa de choque de Dilma Rousseff, mas evitaria discursos carregados de falsa moralidade. Até porque, tudo o que a presidente afastada não precisa na sua órbita é companheira enrolada em escândalo.

Encenado um dramalhão enfadonho, típico de novelas mexicanas, Gleisi não se cansa de destilar sua indignação com a prisão do marido, o ex-ministro Paulo Bernardo da Silva, acusado de participar de um esquema criminoso que desviou R$ 100 milhões de servidores federais que recorreram ao empréstimo consignado.

Diz a sabedoria popular que contra fatos inexistem argumentos. E isso vem sendo comprovado nas investigações da Operação Custo Brasil, que mandou para a cadeia o petista Paulo Bernardo e o advogado curitibano Guilherme de Salles Gonçalves, ambos acusados de participação no esquema.

Enquanto a Custo Brasil desvenda as entranhas do esquema Consist – empresa que monitorava o pagamento das parcelas dos empréstimos consignados – Gleisi afirma: “Conheço Paulo há muitos anos. Sei das suas virtudes, e dos seus defeitos. Sei que ele não faria uso do dinheiro alheio em benefício próprio […] Tenho certeza de que não participou ou se beneficiou do esquema que o estão acusando. Ele sabe que eu não o perdoaria, que a sua mãe não o perdoaria”.

Com base nas provas colhidas nas investigações é possível afirmar que a senadora não conhece o marido ou, então, usa a própria dissimulação como escudo contra críticas. Investigadores da Custo Brasil identificaram que o escritório do advogado Marcelo Gonçalves pagou despesas processuais e pessoais de Paulo Bernardo e Gleisi, além de ter repassado dinheiro sujo ao Partido dos Trabalhadores.


A contabilidade e os e-mails do escritório de Guilherme Gonçalves embasaram a prisão de Paulo Bernardo, cliente, juntamente com a esposa, do advogado. Em fevereiro de 2014, por exemplo, houve dois pagamentos da Consist para o escritório no total de quase R$ 30 mil. Na sequência contábil aparecem vários pagamentos em nome de Paulo Bernardo e Gleisi Hoffmann.

Em fevereiro de 2015, aparecem pagamentos de quase R$ 60 mil da Consist para o escritório de advocacia, mas a contrapartida desse lançamento contábil são despesas com custas processuais para a senadora e repasses para Hernany Mascarenhas. Mascarenhas era motorista do escritório e prestava serviço para Gleisi e o ex-ministro. Em um e-mail apreendido pela Polícia Federal, Guilherme autoriza o pagamento para o motorista porque ele está sendo eficiente quando os ministros precisam “e isso não tem valor que pague”, destaca a mensagem.

O Brasil é uma democracia, mesmo que jovem, e como tal abriga o direito à livre manifestação do pensamento. O que dá a Gleisi Hoffmann o direito de falar o que quiser, até mesmo que conhece o marido. O que a senadora não pode imaginar é que o brasileiro há de acreditar no enredo rocambolesco que foi escrito por algum assessor para tentar sensibilizar a opinião pública, como se a sociedade não soubesse quem é de fato Gleisi Hoffmann.

Aliás, Gleisi continua devendo explicações sobre a nomeação de um pedófilo conhecido, hoje já condenado a mais de cem anos de prisão, para o cargo de assessor especial na Casa Civil. Eduardo Gaievski, o Monstro da Casa Civil, é amigo do casal petista (Gleisi e Paulo Bernardo) e foi incumbido de cuidar dos programas federais para crianças e adolescentes. Ou seja, raposa tomando conta do galinheiro.

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