Não há como ser complacente com a miséria, situação que não apenas arranca a dignidade do ser humano, mas coloca na vala da incompetência os governantes. Os programas sociais de combate à miséria e à pobreza são necessários, em especial em um país como o Brasil, onde as diferenças sociais são gritantes, mas não se pode fazer desse auxílio uma esmola que não oferece porta de saída. É preciso dar o peixe para matar a fome de maneira pontual, mas ao mesmo tempo faz-se necessário ensinar a pescar. O que evita o ócio patrocinado com o dinheiro do contribuinte.
O aumento de 12,5% dos benefícios do “Bolsa Família”, anunciado pelo presidente interno Michel Temer, anula o discurso golpista da esquerda de que o peemedebista acabaria com o programa social, mas suscita dúvidas em vários pontos.
O primeiro questionamento é em relação ao valor do benefício, que a partir de 17 de julho passará de R$ 77 para R$ 85. Mesmo com o reajuste anunciado, o valor é irrisório e insuficiente para aplacar a fome em um país onde o desemprego continua a assustar.
O segundo questionamento é no âmbito do marco que delimita a linha da pobreza. Com o novo aumento do benefício, a linha da pobreza também teve um salto, passado de R$ 154 para R$ 170. Ou seja, essa linha é representada por duas vezes o valor do benefício do “Bolsa Família”. Ora, se o salário mínimo vigente no País, R$ 880, é insuficiente para a manutenção de um cidadão, como a linha da pobreza pode ter como referência um valor tão baixo. Há algo errado com as calculadoras do Palácio do Planalto. Não se trata de querer institucionalizar a “esmola social”, mas de exigir coerência por parte das autoridades.
O terceiro questionamento interessa a quem paga essa conta, que em 2015 somou R$ 27 bilhões. Se o cidadão comum deve se contentar com um aumento nominal do salário mínimo de 11,67%, por qual razão o benefício do referido programa social é alvo de aumento de 12,5%. Alguém há de dizer que a diferença entre os índices é pequena, mas para os aposentados, por exemplo, faz uma enorme diferença.
A grande questão envolvendo o “Bolsa Família” e que o programa não cumpre a meta original, que é exigir do beneficiário a manutenção dos filhos na escola. Em tese essa exigência permanece, mas na prática isso não acontece. Afinal, aos totalitaristas interessa apenas a ignorância do eleitorado, que se deixa levar por uma esmola que sequer é suficiente para comprar três bananas por dia. Prova desse efeito devastador é a reação dos beneficiários diante do anúncio mentiroso de que Michel Temer há de acabar com o programa. Em suma, trata-se de uma ferramenta para manter e aumentar o curral eleitoral da esquerda bandoleira.