Operação Abismo: mesada paga a carnavalesca já causa problemas a ex-tesoureiro do PT

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Há muitas informações desconexas no caso do ex-tesoureiro do PT, Paulo Adalberto Alves Ferreira, preso na Operação Custo Brasil e alvo de mandado de prisão na Operação Abismo (31ª fase da Operação Lava-Jato).

De acordo com as investigações da “Abismo”, Ferreira participou esquema criminoso que embalou alguns contratos com a Petrobras, em especial o referente à construção do Centro de Pesquisas e Desenvolvimento Leopoldo Américo Miguez de Mello (Cenpes), no Rio de Janeiro.

Do dinheiro destinado ao ex-tesoureiro petista, R$ 61,7 mil foram destinados a Viviane Rodrigues da Silva, rainha da bateria da escola de samba Estado Maior da Restinga, de Porto Alegre. O advogado da carnavalesca disse que sua cliente recebeu o mencionado valor como pagamento pelos serviços prestados na campanha eleitoral de Paulo Ferreira, em 2010, quando o petista alcançou vaga de suplente na Câmara dos Deputados.

Segundo o Ministério Público Federal (MPF), o dinheiro repassado a Viviane – e outros mais R$ 40 mil transferidos à escola de samba – é parte de um montante de R$ 1 milhão recebido pelo ex-vereador Alexandre Romano, conhecido como “Chambinho”, acusado de ser operador de um esquema de pagamento de propina, que funcionava à sombra de um consórcio de empreiteiras que tinha contratos com a Petrobras.

No despacho do juiz Sergio Moro, responsável pela Operação Lava-Jato, consta a informação de que o dinheiro foi encaminhado a Viviane em 18 parcelas mensais, a maioria no valor de R$ 3,5 mil. Em delação premiada, “Chambinho” disse que os pagamentos eram feitos a pedido de Paulo Ferreira.


“No período de 2010, ela fazia campanha do então candidato a deputado Paulo Ferreira, e foi assim que eles se conheceram. Ele a remunerava, como remunerava outras pessoas. Por isso os pagamentos eram todos no mesmo valor, exceto em um mês que foi R$ 4,2 mil, como um salário”, explica o advogado da sambista.

A grande questão nesse imbróglio surge a partir do advogado da carnavalesca, que afirma ser a sequência de pagamentos uma espécie de salário.

O advogado Leandro pereira está empenhado em reunir documentos parta provar que sua cliente trabalhou na campanha do político petista. Segundo o advogado, muitas pessoas sabiam da relação de trabalho entre o ex-tesoureiro do PT e a carnavalesca, principalmente na escola de samba. “Era uma informação pública”, afirmou.

Sobre a não formalização do contrato de trabalho, que sempre foi verbal, Viviane sempre cobrou do petista, disse o advogado. “Ela cobrava que fosse formalizado, mas ele dizia para não se preocupar, porque o pagamento viria através de conta bancária”, afirmou.

Na condição de integrante da cúpula do Partido dos Trabalhadores, Paulo Ferreira deveria saber que qualquer cidadão que exerce uma atividade laboral regular e contínua tem direito a registro em carteira e benefícios previstos em lei. Em suma, se o assunto ficar apenas na órbita trabalhista, a conta será muito maior do que a soma dos “mensalinhos”.

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