Faltando poucos dias para a abertura dos superfaturados Jogos Pan-Americanos do Rio de Janeiro, em 2007, o então presidente Lula – agora um decadente lobista-palestrante – disse que após o evento esportivo a capital fluminense e todo o seu entorno teriam o melhor sistema de segurança pública do País. É fato que quem conhece o alarife petista sabia que eram mentirosas aquelas palavras, mas a maioria desavisada acreditou isso seria possível.
Encerrado o Pan do Rio, que custou dez vezes mais do que o previsto, os cariocas voltaram a conviver com o faroeste caboclo que domina uma das mais importantes cidades brasileiras. Isso porque o crime organizado é quem dá a última palavra na Cidade Maravilhosa, que assim é somente quando vista das nuvens.
Com os traficantes dominando a cena sem qualquer preocupação, o Rio de Janeiro experimentou ao longo desses quase dez anos apenas uma situação de suposta calmaria na segurança pública: na Copa do Mundo de 2014, quando forças militares ocuparam a cidade para garantir a tranquilidade e para mostrar que o Brasil é o país do “faz de conta”.
O próximo momento de calmaria no Rio promete ser durante os Jogos Olímpicos, cuja estreia acontecerá no dia 5 de agosto. Porém, a disposição dos traficantes de drogas para provocar um caos não é das menores. Até porque, a tal polícia pacificadora, que está presente em várias comunidades, serve apenas para evitar que uma facção do crime organizado ocupe área de outra. No mais, os policiais agem como seguranças dos traficantes.
Para provar que a segurança promete ser um fiasco durante a Rio 2016, na última segunda-feira (4) um veículo da Força Nacional de Segurança (FNS) foi atingido por tiro na Avenida Brasil, na altura de Manguinhos, na zona norte do Rio de Janeiro. O incidente ocorreu um dia antes de a FNS assumir o patrulhamento das instalações que serão utilizadas durante os Jogos. O tiro atingiu o retrovisor direito do veículo e os agentes revidaram, mas ninguém se feriu ou foi preso.
Um dos agentes da FNS que estava no veículo atingido pelo tiro relatou o susto em gravação divulgada pelas redes sociais: “Acabamos de passar aqui na Avenida Brasil com a (Linha) Amarela, e passamos por uma troca de tiros onde tivemos que efetuar disparos. Fomos alvejados na viatura somente. A viatura foi alvejada no retrovisor, teve troca de tiros, mas graças a Deus conseguimos sair ilesos”, disse o agente.
Muitos atletas olímpicos já desistiram de participar da Rio 2016 alegando medo em relação ao Zika vírus, mas parte desses desistentes não irá por causa da escalada do crime organizado. A situação piorou nos últimos dias, quando policiais civis fizeram um protesto no Aeroporto Internacional Tom Jobim, o velho e bom Galeão, ocasião em que recepcionaram os turistas com uma faixa que exibia a frase “bem-vindo ao inferno”.
