Reino Unido: imprensa e políticos reagem à nomeação de Boris Johnson como ministro do Exterior

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A nomeação de Boris Johnson, líder da campanha pelo Brexit, como novo ministro do Exterior do Reino Unido, na quarta-feira (13), causou perplexidade em boa parte da imprensa e do meio político internacional, que questionam as habilidades diplomáticas do ex-prefeito de Londres.

Gazeteiro, Johnson é mais conhecido pelas polêmicas do que por sua atuação política. Após eleger-se prefeito da capital britânica em 2008, o também jornalista não demorou a tornar-se figura controversa, colecionando gafes e desafetos dentro e fora do país.

“Nunca precisamos tanto de diplomacia, em vez disso, temos Boris Johson”, destaca um artigo de opinião publicado pelo britânico “The Guardian”. O jornal destaca que o político “insultou líderes mundiais e até continentes inteiros” em várias ocasiões.

O jornal alemão “Die Welt” afirmou que, inicialmente, muitos pensaram que a “bombástica” nomeação de Johnson pela nova primeira-ministra, Theresa May, seria uma piada. O periódico lembrou o recente episódio em que o inglês comparou as políticas da União Europeia às de Adolf Hitler.

A revista “Der Spiegel” sublinhou que “aqueles que pensavam que a falta de vergonha com a qual a classe política britânica joga seus jogos de poder não poderia ser maior” receberam uma prova do contrário. O semanário, porém, avaliou que a nomeação teria como objetivo curar as feridas do Partido Conservador e dar uma demonstração de que May “leva o resultado do referendo a sério”.

A chanceler alemã Angela Merkel evitou comentar a nomeação, afirmando apenas que está ansiosa para começar a trabalhar com May. Também na Alemanha, um dos líderes do Partido Social Democrata (SPD), Ralf Stegner, considerou que a escolha de Johnson enfraquece a imagem da nova primeira-ministra.


“Sinal da crise política britânica”

O ministro do Exterior francês, Jean-Marc Ayrault disse que seu novo homólogo britânico “mentiu muito” e que sua nomeação “revela a crise política britânica” após o referendo sobre o Brexit. O ministro, porém, afirmou que não se preocupa em trabalhar juntamente com Johnson, mas expressou a necessidade de um parceiro de negociação que seja “claro, crível e confiável”.

Outros governos foram mais diplomáticos ao comentar a indicação do ex-prefeito. “Estamos ansiosos para colaborar com Boris Johnson”, afirmou um porta-voz do Departamento de Estado norte-americano, acrescentando que o relacionamento entre os EUA e o Reino Unido vai “além de personalidades”.

Em Moscou, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse esperar que Johnson adote uma nova postura como ministro. “O peso de seu atual cargo […] irá certamente gerar uma retórica diferente, de natureza mais diplomática”, afirmou. (Com agências internacionais)

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