Militares da Turquia afirmaram nesta sexta-feira (15) que tomaram “totalmente o controle” do país, segundo comunicado divulgado por uma agência de notícias turca. As autoridades locais, porém, negam ter perdido o comando, mas os militares reiteram que o país está sob o comando de uma “comissão de paz”.
Questionado sobre o possível golpe militar, o primeiro-ministro Binali Yildirim disse que o governo trabalha com “a probabilidade de um levante”, mas que o mesmo não foi concretizado. “Trata-se de um grupo dentro do Exército que se insurgiu”, disse o premiê turco, em entrevista à rede de televisão NTV.
Yildirim admitiu que os militares em questão “cercaram alguns edifícios importantes”, mas garantiu que as forças de segurança do país já trabalham para conter a situação, que, se resolvida, deixará sequelas no bojo do Estado como um todo. Ele também prometeu que todos os responsáveis pela ação serão punidos. “Aqueles que o fizeram pagarão um alto preço. Não faremos concessões na democracia”, disse.
Mais tarde, o primeiro-ministro declarou que alguns dos líderes da tentativa de golpe já haviam sido detidos. “Vários golpistas foram presos. A democracia vai ganhar”, disse o líder, acrescentando que “nesta noite a Turquia está desperta e na rua”. “O povo nos deu o poder e só o povo pode nos afastar”. Diante do anúncio do possível golpe militar, o governo turco pediu à população para que saísse às ruas como forma de enfrentar os rebeldes, no foi prontamente atendido.
Em entrevista à emissora CNN, o presidente turco Recep Tayyip Erdogan declarou que continua no comando do país e pediu para que as pessoas tomem as ruas contra o golpe. Para ele, a tentativa “não será bem sucedida”, já que é realizada por um grupo minoritário de militares. O gabinete do presidente se recusou a revelar a localização de Erdogan, mas afirmou que ele está em local seguro.
O comandante do Exército turco, Ümit Dündar, garantiu que os militares que tentam o golpe representam uma minoria na corporação. “Estamos trabalhando para resolver o problema. Não há motivo para preocupação. Estamos tomando as precauções necessárias com os soldados que não se juntaram [aos insurgentes]”, disse Dündar à agência de notícias estatal Anadolu.
Enquanto isso, um comunicado dos militares diz que eles assumiram “totalmente o poder para restaurar a democracia”. “Todos os nossos acordos internacionais estão em vigor. Esperamos manter as boas relações com todos os países”, destaca a nota.
O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, clamou por apoio ao governo “democraticamente eleito” da Turquia. A Casa Branca comunicou que tanto Obama quanto o secretário de Estado John Kerry concordam que todos os partidos turcos devem ficar ao lado de Erdogan nesse momento, “mostrando moderação e evitando qualquer violência ou derramamento de sangue”.
Seguindo o conselho do presidente turco, uma multidão foi às ruas em Istambul erguendo bandeiras do país contra o golpe militar. Contudo, a imprensa local noticia há manifestações de apoio aos militares golpistas. (Com agências internacionais)