Novo presidente da Câmara, Rodrigo Maia já cumpre acordos feitos com a esquerda festiva

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Educado, comedido nos discursos e vez por outra acanhado, o novo presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), não chegou ao cargo por acaso. Sua eleição para um mandato curto, chamado de tampão, que terminará em 31 de janeiro de 2017, só foi possível por causa de alguns acordos que, em tempos outros, seriam inimagináveis. Crítico recorrente dos governos petistas, em especial da gestão da presidente afastada, Maia contou com o apoio do PT e do PCdoB para derrotar o adversário Rogério Rosso (PSD-DF).

Considerando que na política inexistem coincidências e nada acontece de graça, Rodrigo Maia pagou um preço alto em termos políticos. A primeira medida tomada foi para agradar a bancada petista, que conseguiu fincar na Secretaria-Geral da Mesa o “companheiro” Lourimar Rabelo, servidor da Câmara e homem de confiança do deputado José Nobre Guimarães (PT-CE), que por sua vez é “pau mandado” de Lula. Em suma, Maia aceitou que o PT colocasse um “cavalo de Troia” na administração da Casa legislativa.

Contudo, duas questões estão a chamar a atenção de quem conhece as entranhas da política brasileira na esfera federal. Uma das medidas adotadas por Rodrigo Maia foi acabar com a CPI do CARF, que investigava as estripulias cometidas no órgão e que foram alvo da Operação Zelotes, da Polícia Federal. Com o fim da CPI, muitos petistas envolvidos no esquema criminoso de compra de pareceres no CARF deixaram de ser ouvidos, entre eles Luís Cláudio Lula da Silva, filho do ex-presidente e agora lobista-palestrante. Ademais, também escapou dos depoimentos a ex-chefe da Casa Civil, Erenice Guerra, pessoa de confiança da afastada Dilma e que desde sua saída da pasta atua na capital dos brasileiros na seara do lobby.


Mas os acordos subterrâneos que garantiram a vitória de Rodrigo Maia no segundo turno da eleição para a presidência da Câmara não pararam por aí. Maia manteve a decisão do antecessor e interino Waldir Maranhão (PP-MA), que anulou a CPI da UNE. Essa medida agradou sobremaneira os integrantes do PCdoB, que tremiam diante da possibilidade de uma devassa na entidade que é dominada por simpatizantes da legenda.

Porém, não se pode ignorar um fato que no mínimo é estranho. Rodrigo Maia foi um dos signatários da CPI da UNE, mas agora muda de ideia na esteira de um acordo nada republicano. Deputado federal pelo PCdoB de São Paulo, Orlando Silva defende o fim da Comissão Parlamentar de Inquérito que foi criada para promover um pente fino na entidade que supostamente representa os estudantes brasileiros. “É preciso pacificar a Casa e romper com radicalismos. A lógica é acabar com CPIs para atender fins que não se sabem quais”, disse o parlamentar.

Ora, o objetivo da CPI da UNE, como já destacado nesta matéria, era investigar uma entidade que durante os governos petistas recebeu muito dinheiro em verbas oficiais para promover atos em defesa dos outros ocupantes do Palácio do Planalto. Como o dinheiro despejado na UNE é público, nada mais justo do que o cidadão conhecer detalhadamente tais repasses.

Para não se comprometer com a opinião pública, Rodrigo Maia disse que decidiu não alterar decisão tomada pelo antecessor, no caso Waldir Maranhão. “Não vou fazer nada contra a decisão dele”, afirmou o presidente da Câmara.

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