Economistas reduzem estimativa de inflação, mas crise ainda produz estragos e exige cautela

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Que ninguém se deixe encantar pela reação do mercado financeiro diante dos números da economia nacional, pois a lição de casa ainda não começou para valer e há muito que fazer durante muito tempo. Nesta segunda-feira (25), ao divulgar mais uma edição do Boletim Focus, o Banco Central trouxe a expectativa dos economistas para a inflação oficial, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que caiu de 7,26% para 7,21%. Para 2017, a inflação recuou de 5,30% ao ano para 5,29%.

Esse recuo é fruto da decisão do Comitê de Polícia Monetária (Copom) de manter a taxa básica de juro, a Selic, em 14,25% ao ano, sendo que na ata da reunião do colegiado do BC ficou claro que as autoridades monetárias estão preocupadas com a resistência da inflação em um cenário de dois anos seguidos de recessão. Ou seja, o BC estuda com muita cautela como desarmar a bomba em que se transformou a inflação elevada à sombra de inequívoca desaceleração da economia. Mesmo assim, os analistas apostam em redução da Selic para 13,2%, até o final deste ano.

No tocante ao Produto Interno Bruto (PIB), o Boletim Focus mostra que o mercado está com o pé atrás diante de uma economia que continua não convencendo. A projeção para o desempenho da economia em 2016 saltou de -3,25% para -3,27%, após três semanas seguidas de melhora. Há um mês, a estimativa para o PIB deste ano estava em -4,44%.


Para 2017, a previsão do mercado permaneceu em 1,10%, mas é importante lembrar que até o final do próximo ano muitos fatos hão de acontecer, para melhor ou pior. Por isso é preciso cautela ao projetar o desempenho da economia brasileira para os meses vindouros.

Em relação ao mercado de câmbio, as intervenções do Banco Central no mercado, por meio de leiloes de swap cambial, não tem produzido o resultado esperado. Analistas ouvidos pelo BC voltaram a apostar em nova queda para o dólar até o final de 2016, quando a moeda norte-americana estará no patamar de R$ 3,34, contra R$ 3,39 da previsão anterior. Há um mês, a cotação da divisa estadunidense era de R$ 3,60. Para 2017, a aposta dos economistas é de R$ 3,50 para cada dólar.

O cenário cambial como está não favorece as exportações, uma vez que os produtos brasileiros perdem competitividade, em termos de preço, no mercado internacional. Por outro lado, em tese, o dólar mais baixo favorece a importação de produtos, ajuda no combate à inflação e barateia as matérias-primas, mas isso só seria positivo se o mercado de consumo estivesse aquecido. Como a realidade é outra, o melhor é não descuidar da economia e apertar ainda mais o cinto na hora de comprar.

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