O Brasil é o reino da improvisação, o país do malfadado “faz de conta”. Não bastasse a fama que se espalha mundo afora, algumas autoridades brasileiras se esforçam para piorar o quadro. Um desses políticos desprovidos de bom senso é o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, que age como se fosse o vendedor de mate da praia de Copacabana. Sempre com uma piada pronta e disposto a usar da bazofia para ganhar as manchetes. Como se a utopia comportamental fosse um ponto a favor.
No último domingo (24), durante a inauguração oficial da Vila dos Atletas, na Cidade Olímpica, Paes abusou da galhofa ao dizer que colocaria um canguru no prédio destinado à delegação olímpica australiana para que os atletas do país da Oceania sentissem-se em casa. Como noticiado pela imprensa, um dos responsáveis pela equipe australiana disse que trocaria o canguru por um encanador.
Eduardo Paes irritou-se com o fato de a delegação australiana ter reclamado das condições dos apartamentos da Vila dos Atletas, alegando problemas de eletricidade, vazamentos de água e sujeira por toda parte. Não precisou muito tempo para o alcaide carioca fazer o devido mea culpa e admitir que os australianos reclamaram com razão. Contudo, Paes disse, ainda no domingo, que toda cidade olímpica apresenta problemas. Ou seja, porque os outros erram, nós brasileiros devemos seguir o mesmo caminho.
Como se não bastasse o fiasco discursivo de Eduardo Paes, que correu o planeta e ganhou as manchetes dos principais órgãos da imprensa internacional, outras delegações reclamaram das instalações. A equipe italiana, por exemplo, decidiu bancar as reformas e reparos para que o local ficasse minimamente habitável.
A delegação da Suécia, a exemplo da australiana, recusou-se a ocupar os apartamentos da Vila dos Atletas devido às más condições. Os argentinos reclamaram afirmando que dois dos cinco andares destinados à delegação não têm condições de uso.
É fato que no Brasil o Estado leva tudo na brincadeira, até porque é impossível dar à população uma contrapartida condizente com a carga tributária, mas há situações em que as autoridades deveriam empenhar esforços para que o fiasco não fosse tão grande.
Horas depois do triste espetáculo que marcou o primeiro grande tropeço da Rio-2016, o Comitê Organizador reconheceu que metade dos prédios da Vila dos Atletas está inacabada, faltando apenas dez dias para a abertura dos Jogos Olímpicos. Até segunda-feira (25), 15 das 31 torres construídas para a Olimpíada ainda necessitavam de acabamento e tinham problemas elétricos e hidráulicos.
O Comitê Organizador informou 600 profissionais foram contratados de forma emergencial para solucionar os problemas detectados e os apartamentos sejam liberados na próxima quinta-feira (28), mas a previsão é que os trabalhos terminem no domingo, talvez na segunda-feira. Em outras palavras, a primeiro e maior legado da Olimpíada já é o “faz de conta”, algo típico do cotidiano brasileiro. Enfim…
