Foi por água abaixo a gazeta da senadora Gleisi Helena Hoffmann (PT-PR) em defesa do marido, o ex-ministro Paulo Bernardo da Silva (Planejamento e Comunicações). Nesta segunda-feira (1º), o Ministério Público Federal (MPF) em São Paulo denunciou Bernardo e mais dezenove pessoas por associação criminosa no âmbito do Ministério do Planejamento, entre 2009 e 2015. Nesse período, os envolvidos participaram de desvio de pouco mais de R$ 100 milhões, dinheiro que foi subtraído de servidores federais que recorreram a empréstimos consignados.
Nesse cenário foram cometidos também lavagem de dinheiro e pagamento de propina (corrupção), crimes que beneficiaram o Partido dos Trabalhadores e agentes públicos e privados. Paulo Bernardo e outras 21 pessoas haviam sido indiciadas, em 23 de junho, pela Polícia Federal na esteira da Operação Custo Brasil, que investiga o esquema criminoso que tinha na proa a empresa Consist, contratada para gerenciar os empréstimos contraídos pelos servidores e o pagamento das parcelas dos mesmos. Do valor recebido, a Consist repassava 70% ao PT e aos seus “apaniguados”.
O MPF ofereceu três denúncias. O ex-ministro Paulo Bernardo e mais 12 pessoas foram denunciadas, em uma das ações, que trata do contrato da Consist, por cinco crimes: organização criminosa, corrupção ativa, corrupção passiva, lavagem de dinheiro e obstrução da investigação .
Preso no dia 23 de junho, Paulo Bernardo foi colocado em liberdade seis dias depois, com base em decisão do ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF). Contudo, o magistrado rejeitou outro pedido da defesa do petista, para que o processo fosse encaminhado para o STF.
Logo após a decisão do ministro do STF, a defesa de Bernardo alegou que a ordem de prisão do petista tinha “motivos genéricos e que não havia requisitos legais para a detenção”. Entre o que disseram os advogados e o que pensa o MPF há uma enorme distância. E nesse caso caberá às partes provar o que alegam.
“A decisão do ministro Dias Toffoli, acolhendo pedido da defesa técnica, desconstruiu todos os fundamentos da prisão de Paulo Bernardo. Deixou claro que os fundamentos eram genéricos e que os requisitos legais e constitucionais não estavam presentes”, afirmaram os advogados por meio de nota.
O discurso moralista de Gleisi Hoffmann continua desmoronando com celeridade, o que não significa que o marido da senadora seja culpado. Porém, não se deve duvidar da atuação do Ministério Público Federal, como um todo, na guerra diária contra a maior chaga nacional, a corrupção institucionalizada.
Paulo Bernardo continua na condição de suspeito, mas o fato de ter participado dos mais corruptos governos da história brasileira o coloca na vala da suspeição, principalmente depois das provas colhidas ao longo das investigações da Operação Custo Brasil, que tomaram por base a delação premiada de Alexandre Romano, o “Chambinho”, que às autoridades detalhou o funcionamento do esquema Consist.