Com declarações provocativas e cheias de mágoa, Dilma Rousseff amplia e acirra a briga com o PT

(Roberto Stuckert Filho - PR)
(Roberto Stuckert Filho – PR)

A relação de Dilma Vana Rousseff, a presidente afastada, com a cúpula do Partido dos Trabalhadores jamais foi das melhores, mas agora o processo de azedamento parece ser irreversível. Quando o marqueteiro João Santana, em depoimento no âmbito da Operação Lava-Jato, disse que os recursos alvo de investigação referem-se a dinheiro de caixa 2 da campanha de Dilma, a petista negou ter autorizado essa prática e afirmou que a responsabilidade pelas dívidas da corrida presidencial era do partido.

É fato que Dilma jamais admitiria caixa 2 de campanha, mas por conta do abandono que sofre por parte do PT transferiu o problema para os dirigentes da legenda, que por sua vez deflagraram um processo de quase abandono da presidente afastada em relação ao processo de impeachment.

A troca de farpas nesse período que antecede a votação final do impeachment deve aumentar, mas é preciso reconhecer que, qualquer que seja o resultado da briga, o maior prejudicado será o PT, que tenta ressurgir da lama da corrupção a partir das eleições municipais de outubro próximo.

Na noite da última segunda-feira (1), o presidente nacional do PT, Rui Falcão, divulgou nota no site da legenda afirmando que em hipótese alguma Dilma foi abandonada pelos “companheiros”, mas essa não é a realidade que reina nos bastidores da política nacional. Os petistas não apenas entendem que é impossível o retorno de Dilma ao Palácio do Planalto, mas já admitem que defendê-la tornou-se uma tarefa árdua. Especialmente porque o julgamento na seara do impeachment é político e o momento não é dos mais propícios para empreitada não desafiadora.

Dilma, por sua vez, continua dando mostras de que não está disposta a desistir da queda de braços, até porque já percebeu que a derrota se avizinha com certa velocidade. Na terça-feira (2), em entrevista à revista Fórum, a presidente afastada voltou a alfinetar o partido ao afirmar que o PT precisa reconhecer “todos os erros que cometeu”. Sem perder a oportunidade, a petista disse também que o partido é responsável pelos pagamentos ao marqueteiro João Santana.


“Eu acredito que o PT tem que passar por uma grande transformação. Primeiro, uma grande transformação que reconheça todos os erros que cometeu, do ponto de vista das práticas tanto ética, da condução de todos os processos de uso de verbas públicas ou não. Nós temos de fazer esse processo”, disse Dilma, que na sequência mudou a própria fala e disse que os erros devem ser assumidos pelos petistas, não pela legenda.

“Não é possível supor que se confunda o erro individual das pessoas, que são passíveis de errar, com uma instituição. A instituição tem que ser preservada, a instituição, o PT. Ela tem que ser preservada, melhorada, ventilada, democratizada. Mas ela tem de seguir seu rumo. As pessoas é que tem que fazer suas autocríticas”, completou.

Na entrevista Dilma deixou claro que nessa briga intestina não sabe se bate ou assopra, até porque a esperança é a última que morre e ainda não se sabe o que poderá sair da votação final do impeachment no plenário do Senado, marcada para começar no próximo dia 25.

Considerada a difícil situação em que se encontra, Dilma tem o direito de titubear em suas declarações, mas não pode ignorar que a roubalheira institucionalizada que empurrou o País para a maior crise da história só foi possível com a explícita anuência do PT, que tinha como objetivo maior e primeiro a implantação de um projeto criminoso de poder. Resumindo, a máscara caiu, mesmo que tardiamente, mas agora os “companheiros” estão às voltas para encontrar um culpado.

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