O caso da denúncia assédio sexual e tentativa de estupro envolvendo o deputado federal Marco Feliciano (PSC-SP) sofre nova reviravolta e ganha capítulos nada puritanos. Autora da denúncia, a jovem Patrícia Lélis, de 22 anos, moradora de Brasília, foi levada para a capital paulista após o caso ganhar o noticiário pelas mãos dos jornalistas Hugo Studart e Leandro Mazzini (Coluna Esplanada).
Tão logo a gravação de uma conversa entre Patrícia e Talma Bauer, chefe de gabinete do deputado e dublê de pastor, foi divulgada na internet, a jovem passou a ser monitorada por pessoas ligadas ao parlamentar.
Segundo depoimento prestado ao delegado do 3º Distrito Policial de São Paulo, Patrícia Lélis, que estava acompanhada da mãe, alegou que foi mantida em cárcere privado e obrigada a gravar vídeos favoráveis a Marco Feliciano. Além disso, seu celular teria sido “confiscado” por Bauer, que a partir de então passou a enviar mensagens como se fosse a própria jovem vítima do assédio. Essas informações foram repassadas aos policiais civis.
A mãe de Patrícia viajou para São Paulo com o intuito de informar às autoridades que sua filha estava sendo coagida a mentir e que a mesma de fato foi alvo de assédio sexual e tentativa de estupro por parte do parlamentar que tem como bandeira política a defesa da família e dos bons costumes.
Na tarde desta sexta-feira (5), depois do depoimento da jovem, a Polícia Civil de São Paulo prendeu preventivamente Talma Bauer, no centro da capital, sob a acusação de sequestro qualificado. Enquanto isso, a Procuradoria-Geral da República avalia a possibilidade de investigar Marco Feliciano a pedido da Procuradoria Especial da Mulher do Senado Federal.
No depoimento prestado na quinta-feira (4), a jornalista Patrícia Lelis, ex-militante do PSC jovem, detalhou como Feliciano a atraiu para seu apartamento funcional, em 15 de junho.
“Ele falou que tinha uma reunião do PSC jovem, mas quando cheguei lá só estava ele”, disse. A jornalista afirmou que em seguida o parlamentar teria tentado abusá-la sexualmente. “Ele tentou levantar meu vestido e tirar minha blusa. Como eu não deixei, ele me deu um soco na boca e um chute na perna”, disse.
A jornalista revelou, como antecipado pelo UCHO.INFO em edição anterior, que só conseguiu escapar porque uma vizinha ouviu seus gritos e tocou a campainha para saber o que ocorria no apartamento. O deputado Marco Feliciano disse à vizinha que ela estava enganada e que o barulho vinha de outro imóvel.
Acompanhada da mãe e de uma advogada, ela também acusou dois outros políticos importantes do PSC. Patrícia relatou que em 16 de junho, um dia depois de ter sido agredida por Feliciano, procurou ajuda no partido, mas em resposta ouviu uma proposta para receber dinheiro em troca de seu silêncio.
A proposta teria sido feita pelo presidente nacional do PSC, Pastor Everaldo, segundo ela, em reunião em que também presente o deputado Gilberto Nascimento. “Pastor Everaldo me deu uma sacola de mercado cheia de dinheiro e disse que era para eu ficar quieta”, disse. Segundo ela, Everaldo também a ameaçou de morte. Após revelar o caso à cúpula do PSC, a jornalista passou a ser perseguida por integrantes da legenda.
Patrícia afirmou que foi procurada Talma Bauer e que ambos encontraram-se em um café de Brasília, ocasião em que ela gravou a conversa. O áudio foi publicado em matéria deste este portal na edição de quinta-feira.
No último sábado (30), Patrícia saiu de Brasília com destino à cidade de São Paulo. Assim que chegou à capital paulista, continuou sendo assediada por Bauer. Segundo relatou aos policiais, o chefe de gabinete [Talma Bauer] forçou-a a gravar dois vídeos em que negava as agressões e rasgava elogios a Feliciano.
A denunciante disse: “Ele também pagou a senha do meu Facebook e do Whatsapp e passou a mandar mensagens em meu nome”.
Ao estranhar o comportamento da jovem nas redes sociais – na verdade era de Bauer –, amigos divulgaram o áudio da conversa, em que o chefe de gabinete de Feliciano oferece ajuda e a aconselha a aconselha a “deixar tudo para lá”.
A investigação será encaminhada para Brasília, pois o deputado Marco Feliciano tem foro especial por prerrogativa de função, mas o caso é rumoroso e envolve políticos não apenas do PSC, mas de outros partidos.