Em fase tensa, Executiva do PT joga a toalha e decide deixar a “companheira” Dilma em segundo plano

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Na quinta-feira (4), a Comissão Executiva Nacional do PT reuniu-se em São Paulo para definir a atuação do partido nas próximas eleições municipais. De acordo com dirigentes da sigla, o impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff ficaria em segundo plano na reunião. “A pauta da Executiva vai ser mais a conjuntura eleitoral”, afirmou Jorge Coelho, um dos vice-presidentes do PT.

Na reunião, a cúpula petista avaliou a composição das chapas e a posição do partido em 89 cidades onde haverá segundo turno. No mais, os dirigentes petistas julgaram uma série de recursos de candidatos cujas alianças foram barradas por instâncias superiores do partido. Desta forma, segundo eles, as discussões sobre a manutenção do mandato de Dilma ficarão para outro momento.

A Executiva petista aprovou uma breve convocatória para o ato “Fora Temer” marcado para esta sexta-feira (5) na praia de Copacabana, no Rio de Janeiro, com o objetivo de dividir as atenções com a abertura dos Jogos Olímpicos. O partido também convocou o Diretório Nacional para retomar o tema do impeachment apenas na próxima semana.

“A reunião da Executiva é para discutir eleição. Acho que não vai dar nem tempo de falar sobre o golpe. Os ares de Brasília não têm passado por aqui”, destacou Francisco Rocha, o Rochinha, coordenador da corrente Construindo um Novo Brasil (CNB), a maior do PT.

A reunião da Executiva ocorreu em um momento de tensão entre o partido e a presidente afastada. Nesta semana, Dilma defendeu uma “transformação” do PT em função das denúncias de corrupção reveladas pela Operação Lava-Jato e do próprio afastamento da Presidência, que desalojou a legenda do governo federal depois de mais de 13 anos de gestões petistas no Palácio do Planalto.


Dilma já havia afirmado, na semana anterior, que, se houve caixa 2 em suas campanhas, a responsabilidade seria do partido. As declarações irritaram alguns setores do PT. “Concordo quando Dilma diz que é preciso uma transformação do PT. Mas não adianta só falar. Ela deveria ter ajudado muito mais com ações concretas. E não ajudou”, afirmou Rochinha.

Ainda de acordo com os “companheiros”, o partido, de forma institucional, continuará engajado na defesa do mandato de Dilma. O presidente da legenda, Rui Falcão, senadores e deputados petistas e integrantes de movimentos sociais ligados ao partido têm dialogado com frequência com a presidente afastada para traçar estratégias que ajudem no convencimento de senadores indecisos.

Na próxima quarta-feira (10), Dilma deve apresentar uma carta à população na qual vai se comprometer, caso volte ao poder, com a adoção de uma política econômica diversa daquela adotada no segundo mandato, como aceno aos movimentos sociais. A carta deve também fazer a defesa de um plebiscito para realização de uma ampla reforma política e a realização de novas eleições para presidente. O alvo são senadores indecisos ou descontentes com o início do governo interino de Michel Temer.

Contudo, o apoio é meramente formal. Quase ninguém no PT, incluindo integrantes do círculo mais próximo de Dilma, acredita na reversão do processo de impeachment.

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