Marido de Gleisi vira réu por surrupiar servidores, mas senadora só fala do “golpe” contra Dilma

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Quem procurar no principal canal de comunicação da senadora Gleisi Helena Hoffmann (PT-PR), o seu perfil no Facebook, pensará que o principal problema que aflige a parlamentar é o suposto golpe que estaria sendo desferido contra a ‘presidenta’ Dilma Rousseff.

Não há uma palavra sobre a decisão da Justiça que transformou o marido da senadora, o ex-ministro Paulo Bernardo da Silva, em réu. O marido de Gleisi tornou-se réu sob a acusação de ter chefiado uma quadrilha que roubou mais de R$ 100 milhões de servidores federais, inclusive aposentados, através da cobrança de um “pixuleco” mensal de cada parcela de empréstimos consignados.

Gleisi vem usando, sistematicamente, a tática de tentar escamotear os escândalos em que está envolvida com conversa vazia sobre suposto desrespeito institucional. A senadora chegou a viajar a Portugal, na primeira classe, com todas as despesas bancadas pelo contribuinte, para denuncia o “golpe” que estaria em curso no Brasil.

Paulo Bernardo e outros doze investigados tornaram-se réus na quinta-feira (4), por decisão do juiz federal Paulo Bueno de Azevedo, da 6ª Vara Federal Criminal de São Paulo, que aceitou a denúncia oferecida pelo Ministério Público Federal (MPF) referente à Operação Custo Brasil, um desdobramento da Operação Pixuleco II (18ª fase da Operação Lava-).


Ex-ministro de Dilma e Lula, o marido da senadora foi denunciado pelos crimes de corrupção passiva, lavagem de dinheiro e organização criminosa. Ele é acusado de montar e operacionalizar um esquema de fraudes na liberação de créditos consignados do Ministério do Planejamento, que teria desviado verdadeira fortuna em dinheiro (cerca de R$ 100 milhões) entre 2009 e 2015 – ele foi titular da pasta de 2005 a 2011.

Além de Paulo Bernardo, agora são réus no mesmo processo os “companheiros” João Vaccari Neto e Paulo Ferreira, ex-tesoureiros do PT, e o ex-vereador petista Alexandre Romano. Os dois tesoureiros — um sucedeu o outro no cargo — são acusados de arrecadar dinheiro do esquema para os cofres do PT. Mais conhecido como “Chambinho”, Romano foi preso na Operação Pixuleco II e fez acordo de colaboração premiada, detalhando as fraudes.

Ao acatar a denúncia, o juiz federal frisou que a peça está amparada em vasta documentação, que inclui e-mails interceptados e depoimentos de delação premiada, e “descreve adequadamente a materialidade e a autoria delitiva” dos envolvidos. O magistrado pondera, no entanto, que o recebimento da denúncia não significa reconhecimento de culpa, mas de indícios suficientes para a instauração da ação penal.

Na última quarta-feira (3), o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, recorreu ao Supremo Tribunal Federal contra a decisão do ministro Dias Toffoli de determinar a soltura Paulo Bernardo, preso em 23 de junho, quando foi deflagrada a Custo Brasil. No texto, Janot elencou elementos que reforçam a necessidade de retomada da prisão preventiva do ex-ministro, como a suposta tentativa de ocultar recursos financeiros através de investimentos em fundos de previdência privada.

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