Ao contrário de declaração anterior, Moro afirma que Lava-Jato segue “enquanto existir material”

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Responsável na primeira instância da Justiça pelos processos resultantes da Lava-Jato, o juiz federal Sérgio Moro afirmou durante audiência em comissão da Câmara dos Deputados que é impossível fazer um prognóstico sobre o fim da operação da Polícia Federal. A comissão analisa medidas anticorrupção na forma de um projeto de lei de iniciativa popular, propostas por procuradores da República que investigam o Petrolão.

Ao ser indagado sobre declarações que fizera no sentido de que o caso poderia terminar no final deste ano, o juiz esclareceu: “Isso foi um comentário que eu fiz. É mais um desejo —porque eu confesso que estou um pouco cansado, o trabalho tem sido desgastante— do que propriamente uma previsão objetiva. O juiz e todos trabalham com base em deveres legais que dizem que, se surgem provas de conduta criminosa, isso tem que ser apurado e extraídas as consequências. Evidentemente ninguém vai fechar os olhos para essas questões”.

Moro ainda pronunciou a frase definitiva sobre o tema: “O trabalho continua enquanto existir material com que trabalhar. É impossível um prognóstico”.

Na ocasião, em resposta a uma questão sobre o futuro, o juiz da Lava Jato fez considerações sobre o que gostaria que ocorresse como consequência da operação: “Nenhum país está fadado a conviver com níveis de corrupção dessa magnitude. Nós tivemos conquistas relevantes do povo brasileiro no passado. Podemos mencionar aqui a restauração da democracia. Talvez, naqueles períodos mais duros da ditadura, alguns acreditassem que isso nunca iria ocorrer, mas veio”.


Moro prosseguiu: “Nós tivemos o período do descontrole inflacionário, da hiperinflaçao. Num período, acreditávamos que aquilo era natural, assim é a economia do Brasil. Mas foi uma questão que foi devidamente equacionada, também fruto de uma conquista da democracia brasileira. Tivemos também avanços significativos em relação à diminuição da desigualdade e da erradicação da pobreza nos últimos anos”.

“Da mesma forma, não existe nada que, dentro de um regime democrático, não possa ser enfrentado, desde que haja vontade, não só da sociedade, mas também das instituições. Então, não creio que o Brasil está condenado a ser visto como um país extremamente corrupto. Podemos tomar passos a cada dia, avançando na reforma das nossas instituições, dentro da democracia”, finalizou o magistrado.

Considerando que vários investigados têm muito a revelar e que algumas importantes delações ainda estão em fase de análise e checagem, a Operação Lava-Jato deve durar pelo menos mais um ano. O UCHO.INFO arrisca a afirmar que pela proporção que tomou a corrupção sistêmica que devasta o País, a operação pode não ter fim. Afinal, um caso conecta-se com outro e assim sucessivamente.

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