Citando a outrora “golpista” Veja, senadores petistas prometem manobras para atrasar impeachment

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Entre os maiores problemas que corroem o PT, a incoerência e o fato de não combinar discursos com antecedência são os principais. Em mais uma manobra radical e marcada pelo desespero, o PT tentará, na terça-feira (9), adiar a votação prévia do relatório que recomenda o impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff. Tecnicamente a votação é conhecida como pronúncia do réu.

A manobra consiste em alegar que trata-se de contrassenso o julgamento da petista no momento em que o presidente interino Michel Temer é acusado de ter pedido à Odebrecht “apoio financeiro” ao PMDB, que teria recebido R$ 10 milhões em dinheiro vivo da empreiteira baiana, uma das investigadas na Operação Lava-Jato. A informação consta da mais recente edição da revista Veja.

Líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), afirma: “Nós temos uma presidente julgada que poderá perder o seu mandato por ter editado três decretos de suplementação orçamentária e ter praticado o que eles chamam de pedaladas fiscais, enquanto o interino é acusado de propinas e caixa dois em valores tão elevados”.

De acordo com o líder petista, os partidos de oposição apresentarão onze questões de ordem logo no início da sessão, o que pode tumultuar a sessão e consumir aproximadamente três horas do processo de votação, que deve durar pelo menos 20 horas. Entre os questionamentos programados pela oposição, o principal é um pedido de mudanças no rito da votação e a suspensão de determinados trâmites.

Marcada para começar às 9 horas, a sessão de votação abrirá espaço para a fala do relator do processo, senador Antonio Anastasia (PSDB-MG), e dos advogados de defesa e acusação. Depois de aberta pela presidente do Senado, a sessão será comandada pelo presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Ricardo Lewandowski, conforme estabelece a legislação pertinente.


Humberto Costa admite com facilidade que na primeira fase em plenário a derrota é irreversível, mas na votação final os petistas apostam que será possível conseguir 28 votos contra o impeachment. Para aprovar o relatório do senador Anastasia são necessários os votos de dois terços dos 81 senadores, ou seja, 54 parlamentares.

Líder da oposição no Senado e um dos integrantes da tropa de choque de Dilma, o senador Lindbergh Farias (PT-RJ) garante que o partido recorrerá ao STF para pedir a suspensão do processo. “Se a presidente Dilma for afastada definitivamente, Temer vai ganhar imunidade constitucional e não poderá ser investigado por esses R$ 10 milhões. O voto do senador agora não é um voto que só afasta a presidente Dilma. É um voto que blinda ou não Michel Temer”, disse o senador fluminense.

Como o Brasil continua sendo uma democracia onde não prolifera o golpe, os petistas e aduladores de Dilma têm o direito constitucional à livre manifestação do pensamento, mas é preciso coerência ao fazer uso da palavra e ao tomar decisões.

As acusações contra Michel Temer ainda não foram confirmadas e por isso devem ser tratadas com cautela, mas se confirmadas o peemedebista deve ser tratado com o máximo rigor da lei, até por questões de isonomia.

Em relação às denúncias ainda não confirmadas trazidas pela revista Veja, até recentemente a publicação era considerada pelos petistas como a serviço da direita golpista, mas ao que parece a “companheirada” muda o discurso de acordo com a conveniência.

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