Rio-2016: depois da incensada cerimônia de abertura, Olimpíada tropeça no “jeitinho brasileiro”

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Quando, dias atrás, pediu para que cessassem as críticas à organização dos Jogos Olímpicos, Eduardo Paes, prefeito do Rio de Janeiro, chamou para si e para o Comitê Organizador Rio2016 a responsabilidade pela gambiarra que inspirou a cerimônia de abertura do maior evento esportivo do planeta.

Sempre exaltando as obras feitas na cidade para os Jogos, Paes ousou pedir para que os cariocas evitassem sair no dia da abertura da Olimpíada (sexta-feira, 5) e também nesta segunda-feira (8), como forma de evitar congestionamentos. Se o alcaide da capital fluminense não sabe, uma edição de Olimpíada não é motivo para uma nação cruzar os braços. Considerando que o Brasil vive a maior crise de sua história e que os brasileiros têm garantido o direito de ir e vir, Eduardo Paes perdeu mais uma oportunidade de ficar calado. Algo corriqueiro em sua atuação como político.

Problemas organizacionais acontecem em qualquer parte do planeta, mas não se pode organizar um evento dessa magnitude debaixo da teoria mambembe do “faz de conta”. No primeiro dia pós-abertura, sobraram problemas para acessar os locais de provas no último sábado (6). O governo federal informou que houve erro na escala dos profissionais de segurança, mas que o assunto seria solucionado.

No final de semana, frequentadores do Parque Olímpico reclamaram das longas filas para a compra de alimentos. Depois de esperar 50 minutos para adquirir o tíquete correspondente ao produto escolhido, o torcedor era informado de que aquele alimento havia acabado. Em suma, ou saía de estomago vazio ou aceitava comer algo que não queria.


Nesta segunda-feira (8), logo pela manhã, a Rio2016 anunciou que chamara “food trucks” para solucionar o problema de falta de comida, mas até o começo da tarde nenhum dos convocados havia dado o ar da graça. Na sequência, quando chegaram ao local, os “food trucks” não conseguiram funcionar por falta de pontos de energia elétrica.

O que deveria ser solucionado com celeridade acabou não ocorrendo. Depois das 16 horas desta segunda-feira, durante a disputa por uma vaga nas finais dos conjuntos masculinos na ginástica artística, um alto-falante informava o fim de parte da comida. O aviso informava que as lanchonetes estavam com “capacidade reduzida”. De tal modo, quem tivesse fome deveria caminhar uma boa distância para comprar alimento no Parque dos Espectadores, ou seja, longe do local das provas de ginástica. Quem saiu para se alimentar, na volta era obrigado a entrar na fila e apresentar o ingresso novamente.

O brasileiro acostumou-se ao longo do tempo a aceitar qualquer coisa, como se a exceção fosse regra. No contraponto, as autoridades também se acostumaram com essa passividade da população, por isso na maioria das vezes agem na esperança de que o famoso “jeitinho” em algum momento entre em cena para solucionar problemas.

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