Antes da interrupção temporária da sessão de pronúncia de Dilma Rousseff no plenário do Senado Federal, partidos tentaram suspender os trabalhos durante a madrugada, mas a estratégia acabou rejeitada pelos aliados do presidente interino Michel Temer.
O acordo, que não chegou a ser oficializado, mas contou com a concordância do ministro Ricardo Lewandowski, presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ajudaria a presidente, que planeja entregar aos senadores, na quarta-feira (10), uma carta em que se compromete a convocar plebiscito sobre novas eleições caso o impeachment seja rejeitado em plenário.
Ex-presidente da República, Luiz Inácio da Silva desembarca nesta tarde em Brasília para definir com a sucessora os termos da carta, cujo tema principal não é de interesse do ex-metalúrgico e muito menos do Partido dos Trabalhadores, que há muito considera que no poder Dilma seria um peso morto a ser carregado nas eleições municipais de outubro próximo. O PT já deu mostras inequívocas de que seu objetivo é focar na possível candidatura de Lula em 2018, o que confirma o abandono imposto a Dilma.
Depois da tentativa fracassada de suspender a sessão durante a madrugada – terminaria às 23 horas e seria retomada às 9 horas do dia seguinte – líderes dos partidos governistas decidiram unificar os discursos, o que pode antecipar o encerramento da sessão, inicialmente prevista para durar vinte horas.
A decisão não apenas permite antecipar o fim da sessão, que pode ser concluída na noite desta terça-feira (9), mas inviabiliza o plano de Dilma de entregar a carta aos parlamentares. A ideia era sensibilizar os senadores para que a denúncia fosse rejeitada.
A expectativa do Palácio do Planalto é que pelo menos 60 senadores votarão pela continuidade do processo, placar que deve se repetir no julgamento final, marcado para o próximo dia 25 de agosto. Do lado presidente, a aposta é que 20 senadores votarão contra a denúncia, placar menor do que o registrado na votação pela abertura do processo – à época a presidente afastada conseguiu 22 votos, enquanto 55 senadores votaram a favor.
Com essa projeção, o afastamento definitivo de Dilma Rousseff avança no caminho da realidade e já é considerado favas contadas no núcleo duro do PT. Apenas os petistas que integram a tropa de choque da presidente afastada é que ainda resistem bravamente, recorrendo a manobras de caráter meramente procrastinatório.
Mesmo assim, não estão descartados, após a decisão final do Senado, recursos ao STF por parte da defesa de Dilma, assim como a organismos internacionais, com o simples intuito de mais uma vez denunciar um golpe que simplesmente não existe, a não exceto no pensamento dos golpistas que tentava de forma sorrateira instalar um regime comunista no País.