De acordo com a NASA, a chuva de meteoros Perseidas, que ocorre anualmente no mês de agosto, terá seu ápice na madrugada de sexta-feira (12). O fenômeno é muito mais intenso no hemisfério norte, porém será possível observar a olho nu no Brasil.
Segundo Gustavo Lanfranchi, professor de astrofísica da Universidade Cruzeiro do Sul, a previsão é de 60 a 80 estrelas cadentes por hora no céu do País. Apesar do popular nome, a luz brilhante não é de uma estrela em queda, mas do rastro de um meteoro.
A expectativa é que o evento seja o mais brilhante em anos. No hemisfério norte, a previsão é de 200 estrelas cadentes por hora no pico. As Perseidas têm este nome porque os meteoros parecem vir da constelação de Perseus. Elas poderão ser melhor observadas ao olhar para o norte a partir da manhã de sexta.
“Dá para ver bem sim a olho nu, o problema é a poluição e luminosidade em cidade grande. Olhando para o norte se tem mais chances de ver porque a constelação fica por ali. De madrugada é possível ver melhor, já que a Lua vai se pôr por volta de 1 da manhã”, explicou Lanfranchi.
A chuva de meteoros dura alguns dias e ocorre sempre que a Terra passa pela área do Sistema Solar em que o cometa Swift-Tuttle esteve. As partículas deixadas pelo objeto entram na Terra em velocidade altíssima (cerca de 59 km por segundo) e queimam, por isso deixam o belo rastro luminoso pelo céu, conhecido como estrela cadente.
Lanfranchi afirma que o evento é mais espetacular no hemisfério norte, pois a constelação de Perseus é mais visível nessa porção do globo terrestre – tanto que, para o hemisfério sul, aparece bem baixa no horizonte.
Para identificar o norte durante a chuva de meteoros, basta apontar o braço esquerdo para o oeste e o direito para o leste. O norte estará à frente da pessoa. O mesmo pode ser feito tendo a Lua como base.
Como a órbita do cometa varia ligeiramente a cada ano, a Terra não se encontra sempre com a mesma parte da nuvem de detritos deixada pelo astro. Ao longo da nuvem, que tem mais de um milhão de quilômetros de comprimento, algumas partes são mais densas.
Este ano, a Terra está em rota de colisão com três destes rastros mais densos, que se formaram em 1862, 1737 e 1479. Um fenômeno excepcional que não vai voltar a acontecer com tal intensidade até 2028, de acordo com os astrônomos.
Apesar de todo o conhecimento existente sobre as Perseidas, ainda há muito o que se precisa saber. Para começar, há uma questão de ciência básica: meteoroides se originam de cometas, e estes – assim como outros objetos celestes – são nosso contato mais próximo com o Big Bang, a explosão que, segundo se acredita, teria criado o universo.
“Se encontrarmos resquícios de material orgânico num meteoroide, poderemos entender um pouco melhor como a vida chegou à Terra”, exemplificou Detlef Koschny, da Agência Espacial Europeia (ESA). Entretanto, é igualmente necessário entender melhor a distribuição da poeira no sistema solar, pois representam um perigo para os veículos espaciais.
“Ao se chocar contra um artefato espacial, uma partícula dessas pode gerar uma carga elétrica, uma mini-nuvem de plasma, provocando curto-circuito num satélite. Satélites são muito sensíveis, e não possuem condutores de proteção, ou fios-terra, como todo equipamento na superfície do planeta. Portanto uma alteração do potencial elétrico pode causar danos”, afirmou.
No mais, há uma questão de números absolutos: nos últimos dez anos os cientistas têm tentado prever o número de partículas, a fim de estimar quantas estrelas cadentes serão observadas. Mas tudo ainda é muito relativo. “Um modelo pode predizer 200 estrelas cadentes por hora, e aí os observadores registram 50 por hora, ou vice-versa. Então é nisso que se está trabalhando agora, no que chamamos de densidade de fluxo”, ressaltou.
Não se trata apenas de antecipar a magnitude do espetáculo anual: o estudo “é muito relevante devido ao risco de impacto contra os satélites”, complementou Koschny. “Os operadores de veículos espaciais querem saber se há probabilidade de eles serem atingidos uma vez por ano ou a cada dez anos”.