Declaração machista coloca ministro da Saúde no grupo dos que serão substituídos após impeachment

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Quando começou a costurar a formação de sua equipe ministerial, enquanto aguardava a decisão do Senado Federal sobre a admissibilidade do processo de impeachment de Dilma Rousseff (agora afastada), o peemedebista Michel Temer disse que os cargos seriam ocupados por notáveis. Ciente de que a política brasileira funciona à base do “toma lá, dá cá”, Temer iludiu a enorme parcela da população que cobrava mudanças ou, então, a si próprio.

Sem saída, o presidente interino acabou fincando nos ministérios indicados pelos partidos políticos, pois era preciso, no primeiro momento, conseguir uma base de apoio que garantisse a aprovação do impeachment da afastada Dilma. Esse é o jogo da política brasileira e é difícil não seguir esse caminho.

Órfão da simpatia de boa parte da população, Michel Temer não teve como convocar a sociedade para apoiá-lo em uma cruzada contra o fisiologismo político. E igualmente não conseguirá fazê-lo mais adiante, pois, se confirmado no cargo, seu mandato terá pouco mais de dois anos. Tempo extramente curto se comparado aos inúmeros problemas que sacodem o País. De tal modo, Temer será um refém da política canhestra.

É compreensível o primeiro momento de Michel Temer como chefe interino do Executivo, mas algumas nomeações representam uma homenagem ao absurdo. É o caso do paranaense Ricardo Barros (PP), ministro da Saúde. Sem qualquer qualificação para comandar uma pasta de tamanha importância, Barros vem colecionando no cargo uma sequência de declarações estapafúrdias.


A última bizarrice discursiva de Barros refere-se ao baixo índice de homens que procuram atendimento médico. No vácuo do machismo latino-americano, Ricardo Barros disse que os homens procuram menos o atendimento de saúde porque “trabalham mais do que as mulheres e são provedores” dos lares brasileiros.

A declaração foi dada nesta quinta-feira (11), por ocasião do lançamento de dois guias do “Pré-Natal do Parceiro”, projeto do Ministério da Saúde para incentivar os homens a fazerem exames de prevenção quando acompanham as mulheres aos postos de saúde durante o período de gravidez.

Ricardo Barros tentou remendar o estrago, mas não convenceu. Ele alegou que sua declaração estava baseada em dados do IBGE, mas o órgão negou que tenha coletado tais informações em suas importantes pesquisas.

No Palácio do Planalto a afirmação de Barros causou constrangimento no chamado núcleo duro do governo. Considerando que após a confirmação do afastamento definitivo de Dilma Rousseff o governo será obrigado a fazer uma reforma ministerial, Ricardo Barros colocou os dois pés no grupo dos substituíveis.

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