Maia diz que sessão para definir o caso de Eduardo Cunha só acontecerá com 460 deputados em plenário

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A cassação do mandato do deputado federal Eduardo Cunha (PMDB-RJ), cujo mandato está suspenso por determinação do Supremo Tribunal Federal, pode não acontecer no dia 12 de setembro, data marcada pelo presidente da Casa legislativa. Com isso cresce a possibilidade de o futuro do peemedebista ser decidido apenas depois das eleições municipais, ou seja, em novembro.

Presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ) já fixou o quorum mínimo para que o pedido de cassação do mandato de Cunha seja votado: 460 deputados. Somente com esse número de deputados presentes no plenário é que Maia dará seguimento à sessão.

Rodrigo Maia garante que mesmo no período eleitoral, as sessões terão quorum qualificado, mas essa certeza nada convincente pode desmoronar de forma rápida. O presidente da Câmara alega que a data vai ao encontro do desejo da sociedade de terminar o caso de Eduardo Cunha antes das eleições municipais.

“Vai ter quórum todos os dias”, afirmou Maia ao ser questionado sobre a presença dos parlamentares nas sessões marcadas para o período eleitoral. Perguntado se no dia da votação da cassação de Cunha haverá quórum, respondeu: “460 (deputados)”. “A data tem a racionalidade dela e corresponde ao que a sociedade espera, de encerrar antes do processo eleitoral”, afirmou o presidente da Câmara.


Não se pode afirmar que Maia é tolo em termos políticos, até porque se assim fosse não teria chegado ao cargo, mas no mínimo é possível desconfiar que o parlamentar atende aos interesses do Palácio do Planalto e do próprio réu. Como se sabe, apesar de seu envolvimento em vários escândalos de corrupção, Eduardo Cunha é visto por parte da população como o político que viabilizou o impeachment de Dilma Rousseff e o fim da era petista no governo central.

Considerando o fato de que Eduardo Cunha financiou algumas dezenas de campanhas eleitorais em 2014, apostar em quorum alto no dia da votação da cassação é desconhecer os subterrâneos da política nacional. Cunha vem dando sinais do seu crescente descontentamento com antigos aliados, ao mesmo tem que vem disparando mensagens cifradas que na essência são ameaças preliminares.

Frio e calculista, Eduardo Cunha é um arquivo ambulante e pronto para explodir. Conhecedor dos meandros imundos da política, sua capacidade de implodir parte do Parlamento é enorme. No caso de cassação de mandato, Cunha cairá atirando para todos os lados, algo que preocupa a cúpula do Palácio do Planalto. Diante desse quadro não se deve descartar a possibilidade de a definição sobre a cassação de Cunha ficar para fevereiro do próximo ano. A chance é pequena, mas vem crescendo nos últimos dias.

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