Lava-Jato: Bumlai solta a voz na PF e complica Marisa Letícia no imbróglio do misterioso sítio em Atibaia

josecarlos_bumlai_1002 (gabriela bilo - estadao)

Ainda enfrentando as consequências de um câncer na bexiga, o pecuarista José Carlos Bumlai, que em tempos outros teve passe livre no Palácio do Planalto, decidiu soltar o verbo e comprometer a ex-primeira-dama Marisa Letícia.

Em depoimento prestado nesta quarta-feira (17) ao delegado Márcio Anselmo, na Polícia Federal, Bumlai disse que a esposa do ex-presidente da República desejava ampliar o sítio Santa Bárbara, em Atibaia, e procurou-o para coordenar a reforma. As declarações foram prestadas um dia após Marisa Letícia, por orientação do criminalista José Roberto Batochio, ter faltado a depoimento na Polícia Federal para esclarecimentos sobre o sítio.

Investigações no âmbito da Operação Lava-Jato apontam que o verdadeiro dono do imóvel é Lula, que nega a propriedade, mas a PF até agora não prendeu o petista por falta de vontade. Afinal, sobram provas e evidências que incriminam o lobista-palestrante, como relatou o UCHO.INFO em matéria publicada na edição de terça-feira (16).

Com 180 mil metros quadrados de área, o polêmico sítio é formado por duas propriedades com matrículas distintas (19.729 e 55.422) e foi comprado no mesmo dia, no final de 2010, pelo valor de R$ 1,5 milhão.

O Santa Bárbara está registrado oficialmente em nome de Fernando Bittar e Jonas Suassuna Filho, ambos sócios de Fábio Luís Lula da Silva, conhecido como Lulinha, na empresa Gamecorp.

Quem conhece Suassuna e seu estilo de vida sabe que seu nome aparece como um dos donos do sítio por questões que só Lula e a PF sabem. Aliás, Suassuna, um bem sucedido empresário no ramo de tecnologia da informação, teria se desentendido com Lulinha pelo fato de seu nome ter sido arremessado na lama que escorre da Lava-Jato.


Ao delegado federal, José Carlos Bumlai afirmou que esteve no sítio a convite de Marisa Letícia e Fernando Bittar no final de 2010. À época, Bittar revelou que comprara o imóvel com dinheiro doado pelo pai (Jacó Bittar, amigo de longa data de Lula) e que o sítio seria para uso de ambas as famílias. Uma mentira sem precedentes e que coloca mais polêmica no assunto que pode levar o ex-metalúrgico à prisão.

Segundo o pecuarista, Marisa Letícia solicitou ajuda na ampliação das acomodações para que a família Lula da Silva pudesse passar os finais de semana no local.

Um engenheiro da Usina São Fernando, de propriedade da família Bumlai, assumiu o comando da reforma e, segundo o depoente, “providenciou tudo”.

Passados alguns dias, Bumlai foi informado de que a obra não avançava na velocidade esperada por Marisa e a reforma seria entregue a uma construtora. Como se mentir fosse o mantra do clã Lula, a reforma foi assumida por duas das maiores empreiteiras do País, Odebrecht e OAS, ambas atoladas e investigadas na Operação Lava-Jato.

Só mesmo alguém dota de inocência em último grau é capaz de acreditar que duas empreiteiras, especializadas em grandes obras de infraestrutura, foram contratadas para construir um “puxadinho” em uma propriedade rural marcada pelo péssimo gosto.

Ademais, é nesse exato ponto – o péssimo gosto – é que reside a polêmica sobre o fato de Jonas Suassuna ser um dos proprietários do sítio. Suassuna mora em um luxuoso duplex na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, e é conhecido por ser apreciador de charutos cubanos, vinhos raros e caros, obras de arte e gastronomia refinada. Isso posto, ter um sítio em Atibaia é algo que não combina com seu currículo empreendedor. Enfim…

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