Contando com o impeachment de Dilma, Temer prepara viagens para “vender” o Brasil no exterior

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Enquanto recebe em palácio senadores da região Nordeste, faltando poucos dias para o início do julgamento do processo de impeachment de que é alvo a presidente afastada Dilma Rousseff (PT), o peemedebista Michel Temer trabalha nos bastidores para, confirmado o impedimento da petista, cumprir calendário de viagens internacionais. O objetivo desses périplos mundo afora é recuperar a desgastada imagem do Brasil e atrair investidores.

Também faz parte da estratégia do presidente da República tentar convencer as agências internacionais de classificação de risco de que, vencido o afastamento da petista, a estabilidade política retornará ao País. Essa investida tem por objetivo recuperar as notas perdidas nas avaliações das agências de classificação de risco.

Temer planeja, para horas depois da confirmação do impeachment, uma viagem à China, onde participará da reunião do G-20 e manterá encontros com investidores estrangeiros. Também há pelo menos outras cinco agendas sendo preparadas no Palácio do Planalto com o objetivo de retomar a confiança externa.

Dez dias após voltar do país asiático, Michel Temer discursará na Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas, em Nova York. Em outubro, planeja ir ao encontro do BRICS, na Índia, e à cúpula Ibero-Americana, na Colômbia. Há visitas sendo organizadas, sem datas definidas, à Argentina e ao Paraguai.

O peemedebista deve fazer as viagens acompanhado de vários ministros, entre eles, o da Fazenda, Henrique Meirelles, a quem caberá a missão de convencer o mercado internacional e os investidores estrangeiros de que o Brasil está comprometido com a agenda econômica de ajustes e reformas.

Assessores de Temer afirmam que o plano de ação é fundamental para que o governo possa contar com o apoio da classe empresarial, pois admitem que, se a economia não der sinais efetivos de melhora, a “trégua” dada até agora tende a acabar rapidamente.


Na última semana, em evento no Rio de Janeiro, o ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, comparou o roteiro internacional do presidente ao trabalho de um caixeiro-viajante. “Temer vai levar uma mala de mascate para a China para mostrar que o Brasil é um mar de oportunidades”. Padilha destacou mudanças que começam a ser aprovadas no Congresso, como a lei das agências reguladoras, para defender a tese de que o país se tornará atrativo aos investidores estrangeiros.

“Necessitamos das parcerias para gerar empregos. Apostamos muito na viagem à China, aos EUA e à Índia, grandes mercados potenciais para o Brasil”, declarou.

Michel Temer convidou o presidente do Senado, Renan Calheiros, para a comitiva que participará do encontro do G-20 na China. Renan, que ainda não respondeu ao convite, integraria a comitiva logo após dar posse a Temer, já que, caso o impeachment seja mesmo aprovado, há a previsão de sessão solene no Congresso. O modelo da cerimônia ainda está sendo estudado e a definição cabe ao presidente do Senado.

O cortejo de Temer ao presidente do Senado é mais um gesto da aproximação entre ambos. Na última quinta-feira (18), Renan acompanhou o presidente interino em visita ao Rio. Isso levou o senador alagoano a adiar um encontro com Dilma para sexta-feira pela manhã. Na tarde do mesmo dia, Renan encontrou-se novamente com Temer em São Paulo, na reunião com líderes a fim de discutir a votação de propostas do ajuste fiscal no Congresso.

Na semana passada, Renan impediu que Temer sofresse a primeira derrota do governo interino no Senado, adiando a votação da proposta de emenda à Constituição (PEC) que recria a Desvinculação das Receitas da União (DRU), que deve voltar à pauta nesta terça-feira (23). Se fosse a voto, o governo seria derrotado por não ter mobilizado os senadores da base.

Antes do encontro do G-20, Temer pretende participar de um seminário organizado pelo governo brasileiro. A data do encontro, que reunirá empresários e investidores, deve ser dia 2 ou 3 de setembro, a depender do fim do impeachment e do embarque de Temer à Ásia. A ideia, com base no atual calendário do impeachment, é que ele viaje dia 31 de agosto. Além dos compromissos oficiais, o governo pretende marcar encontros bilaterais.

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