Debate entre candidatos à Prefeitura de SP mostra a mediocridade dos que sonham comandar a cidade

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Quem acompanhou, na noite de segunda-feira (22), o primeiro debate entre os principais candidatos à Prefeitura de São Paulo não demorou a perceber que é uma incógnita o futuro político-administrativo da maior e mais importante cidade brasileira. Participaram do debate: Celso Russomanno (PRB), Fernando Haddad (PT), João Doria Jr. (PSDB), Major Olímpio (Solidariedade) e Marta Suplicy (PMDB).

Visivelmente nervosos, sem propostas efetivas e protagonizando troca de acusações que passa ao largo dos anseios do eleitorado, cada candidato limitou-se a afirmar que tem condições de ser melhor do que todos os adversários, sem mostrar como isso é possível.

Complexa em todos os sentidos, a capital paulista não pode ser contemplada a partir de ideologias políticas ultrapassadas, assim como não deve ser analisada sob a ótica do oportunismo político. Os problemas da sétima maior cidade do planeta são tantos, que o melhor seria eleger um conselho de gestores profissionais, não políticos que rezam pela cartilha dos partidos e se entregam aos desmandos e à corrupção.

Como era esperado, o petista Fernando Haddad foi o alvo de quatro dos cinco candidatos que participaram do debate realizado pela TV Bandeirantes. Candidato à reeleição, Haddad viu sua pífia administração ser duramente criticada, mas enfrentou momento de “saia justa” quando seus adversários trouxeram à baila o escândalo do Petrolão.

O maior esquema de corrupção da História está sendo esmiuçado pela Operação Lava-Jato, mas os adversários do alcaide paulistano insistem em vinculá-lo ao escândalo. O que nem de longe garante votos ou chama a atenção do eleitorado, que não mais suporta os muitos e necessários desdobramentos de uma investigação que já dura quase trinta meses.


Saturações à parte, o petista Fernando Haddad não soube responder às perguntas sobre a origem do dinheiro da campanha de 2012 e sua ligação com o marqueteiro João Santana, que em delação premiada na esteira da Lava-Jato afirmou, juntamente com sua mulher e sócio Monica Moura, ter recebido recursos de caixa 2 para cuidar dos projetos eleitorais das estrelas do PT.

A situação de Haddad na corrida ao trono paulistano não é das mais confortáveis, como mostram as primeiras pesquisas de opinião. Sem ter realizado boa parte das promessas de campanha, o petista precisará de muita criatividade para tentar convencer o eleitor sobre a importância da sua reeleição. Quem conhece minimamente a cidade de São Paulo sabe que Fernando Haddad está com os dias contados, mas na política tudo é possível, a começar pelo imprevisível.

A grande questão é que Haddad, que até recentemente mantinha distância de Dilma Rousseff, figura indesejada nos palanques de nove entre dez “companheiros”, mudou de opinião após receber ordens superiores e agora suaviza o discurso quando o assunto é a presidente afastada. A mudança foi tão notória, que Fernando Haddad já trata publicamente o impeachment como golpe parlamentar.

Engana-se quem pensa que esse enfadonho discurso do golpe produzirá dividendos em uma cidade como São Paulo, onde os moradores não querem ouvir falar do PT e muito menos de Lula e Dilma. Se Fernando Haddad não operar um milagre eleitoral nas próximas semanas, o melhor a fazer é costurar uma aliança para o segundo turno, não sem antes cuidar da mudança.

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