Lava-Jato: delação do ex-presidente da OAS cita Aécio e Serra, mas deixa Lula em péssima situação

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Quando, há dias, criticou duramente o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), por causa do seu comentário sobre o vazamento de informação constante do pré-acordo delação de Léo Pinheiro, ex-presidente da OAS, e a decisão procurador-geral da República de suspender a negociação do mesmo, parte da opinião pública errou por desconhecer não apenas as entranhas da Operação Lava-Jato, mas a forma como os fatos se dão nos bastidores do poder.

Naquele momento, sem medo de errar, o UCHO.INFO classificou como acertado o comentário do ministro Gilmar Mendes, pois a suspensão do acordo de colaboração premiada interessava a alguém implicado na investigação, não ao também ministro Dias Toffoli, citado em reportagem da revista Veja como sendo pessoa próxima ao ex-presidente da empreiteira.

Quando a negociação foi suspensa, o único interessado nesse ato era o ex-presidente Lula, agora um decadente lobista-palestrante, que estava na mira dos investigadores por conta do apartamento triplex em Guarujá e do sítio em Atibaia. Ambas as propriedades são objeto de escândalos de corrupção que envolvem também a OAS.

Como noticiado anteriormente por este portal, Léo Pinheiro teria informado à força-tarefa da Lava-Jato que a reforma no triplex praiano foi parte de propina por contrato da empreiteira com a Petrobras, manobra criminosa que aconteceu debaixo do guarda-chuva do Petrolão, o maior esquema de corrupção de todos os tempos. Apenas com esse depoimento a situação já era considerada gravíssima.

Horas antes de essa informação ser divulgada, a Polícia Federal, na sexta-feira (26), indiciou Lula, Marisa Letícia e Léo Pinheiro, além de outras duas pessoas, por corrupção, lavagem de dinheiro e falsidade ideológica, no âmbito do apartamento praiano.

Contudo, não demorou muito para que novas informações da delação o ex-presidente da OAS, que o procurador-geral Rodrigo Janot descartou sem maiores explicações, mostraram mais uma vez que a suspensão do acordo de colaboração tinha um beneficiário: Lula.


De acordo com a mais recente edição da revista Veja, o acordo de delação de Léo Pinheiro continha informações sobre pagamentos indevidos a Lula e detalhava o repasse de valores para o caixa 2 da campanha da afastada Dilma Rousseff, além de mencionar Aécio Neves, senador pelo PSDB mineiro, e José Serra, senador licenciado e ministro das Relações Exteriores.

O primeiro dos muitos anexos da delação de Léo Pinheiro detalha como valores desviados da Petrobras foram utilizados na reforma do apartamento triplex em Guarujá. Os advogados de Lula dizem que o imóvel continua registrado em nome da OAS e que não pertence ao petista. Porém, não há explicação para a empreiteira ter promovido uma reforma no imóvel, fazendo com que o mesmo ficasse fora do padrão dos outros apartamentos do Edifício Solaris. Fora isso, a mesma cozinha do apartamento foi instalada no sítio em Atibaia.

Em outro anexo, Léo Pinheiro menciona a solicitação direta de Lula para que sua empresa realizasse as reformas no Sítio Santa Bárbara. No documento ficou implícito que a OAS “atuaria e seria remunerada com o abatimento de créditos com o PT e também em retribuição ao serviço prestado por Lula em favor dos negócios internacionais da empresa”.

Lula também é citado em outro anexo. No documento, o ex-presidente da empreiteira afirma que contratou palestras de Lula para “influenciar” autoridades de outros países. Pinheiro menciona palestra proferida por Lula na Costa Rica ao custo de US$ 200 mil. O pagamento teria resultado em encontro com a presidente do país, Laura Chinchilla, em 2011.

No quarto anexo, o executivo detalha como a OAS pagou, após solicitação de Paulo Okamotto (presidente do Instituto Lula), a guarda de bens pessoais do ex-metalúrgico. Em troca do pagamento, a OAS teria a ajuda de Lula em negócios da empreiteira no exterior.

Em relação à afastada Dilma Rousseff, o delator disse que a empreiteira firmou contrato fictício com a agência de comunicação Pepper, que trabalhou na campanha da petista à reeleição. O contrato tinha como objetivo a quitação de dívidas da campanha. A solicitação para o pagamento teria sido feita por Edinho Silva, tesoureiro da campanha e, na sequência, ministro de Dilma.

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