Em termos políticos e eleitorais, impeachment da afastada Dilma interessa ao PT e a Lula

dilma_rousseff_1092

Nos últimos dias, o ex-presidente Lula fez um movimento de aproximação em relação à sucessora Dilma Rousseff, que nesta segunda-feira (29) defende-se perante senadores no processo de impeachment de que é alvo. O ex-metalúrgico, que, assim como a cúpula petista, havia abandonado a presidente afastada, decidiu mudar a estratégia por causa das consequências negativas que a decisão poderia gerar. Afinal, Dilma sabe muito mais do que gostariam os “companheiros”.

Para que esse “chega mais” não fosse interpretado como oportunismo de última hora, Lula tratou de escalar alguns aliados para disseminar a tese da lealdade, algo que deixou de existir desde que Dilma descumpriu o acordo de deixar o caminho livre em 2014 para o ex-presidente tentar voltar ao Palácio do Planalto.

A presença de Lula no plenário do Senado nesta segunda-feira foi precedida pela fala de alguns petistas graduados, como o senador Jorge Viana (AC), que no domingo (28) disse que o ex-metalúrgico é solidário aos amigos e que “nos momentos de é que se conhece os amigos”. Falem o que quiser de Lula, menos que ele é solidário.

O melhor exemplo dessa falta de solidariedade ficou explícito por ocasião da prisão do então senador Delcídio Amaral (MS), que acabou aderindo à delação premiada e colocando Dilma e Lula em situação de grande dificuldade perante a Justiça. Na ocasião, Delcídio, que a mando de palacianos tentou comprar o silêncio de Nestor Cerveró, ex-diretor da Petrobras preso na Operação Lava-Jato, foi chamado de idiota por Lula.


Impeachment à parte, à cúpula petista e principalmente a Lula o impeachment de Dilma é o cenário que mais interessa, pois um retorno da presidente afastada ao Palácio do Planalto seria devastador para o PT em termos eleitorais.

A questão é simples. Diante do enorme estrago na economia e o avanço descomunal da corrupção no período em que a petista esteve no poder, reverter a crise atual seria a mais hercúlea das tarefas, quiçá uma missão impossível. Um cenário com Dilma de volta ao Palácio do Planalto impediria o PT de chegar em 2018 na esteira do discurso da salvação. Típico de um gazeteiro como Lula, que sonha participar da próxima corrida presidencial, caso um mandado de prisão não mude suas pretensões.

Sendo assim, a partir desta segunda-feira o PT precisa torcer a favor de duas situações distintas e subsequentes, sendo uma imediata e outra de médio prazo: a confirmação do impeachment de Dilma e um desastre no governo de Michel Temer. Do contrário, o melhor que os “companheiros” podem fazer é arrumar uma ocupação nova, pois o partido estará fadado a desaparecer.

apoio_04