Declaração do presidente do Conselho de Ética sugere que mais deputados devem ser cassados

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A cassação do mandato de Eduardo Cunha, deputado pelo PMDB do Rio de Janeiro acusado de quebra de decoro, é tida como certa, consideradas as declarações de parlamentares consultados por vários veículos de comunicação ao longo dos últimos dias.

Apesar da onda que domina a Câmara dos Deputados para “vender” à opinião pública a falsa ideia de que a política nacional é marcada pela moralidade, o processo de que Cunha é alvo é eminentemente político e propulsado pelo revanchismo parlamentar.

Longe de querer pregar a inocência do ex-presidente da Câmara, o UCHO.INFO chama a atenção para um fato que, se levado a sério e aplicado de forma isonômica, poderá colocar no cadafalso da cassação algumas dezenas de deputados.

Em entrevista ao jornalista José Maria Trindade, da Rádio Jovem Pan, o deputado José Carlos Araújo (PR-BA), presidente do Conselho de Ética, quando perguntado sobre o que aconteceria com os outros deputados envolvidos em escândalos de corrupção, em especial o Petrolão, fugiu da resposta, mas disse que o caso de Eduardo Cunha avançou por ter maior visibilidade.

No momento em que um mandato parlamentar é cassado por causa da visibilidade do processado e das acusações que lhe são impostas, não é equivocado concluir que o País está diante de um tribunal de exceção, que julga na esteira dos interesses dos julgadores.

Cunha foi processado e deve perder o mandato por ter mentido em depoimento voluntário à CPI da Petrobras, quando negou ser titular de contas bancárias no exterior. O fato que motivou a representação contra Eduardo Cunha não foi o resultado das investigações da Operação Lava-Jato, mas a afirmação feita na Comissão Parlamentar de Inquérito.


Por outro lado, a declaração de José Carlos Araújo, de que o processo foi aberto em virtude da visibilidade do caso, é grave, pois abre caminho para cassações por quebra de decoro parlamentar, uma vez que 22 deputados são acusados de envolvimento no maior escândalo de corrupção de todos os tempos. E muitos desses parlamentares negaram publicamente as acusações, enquanto provas colhidas na Lava-Jato mostram o contrário. Tomando por base os critérios que levaram à cassação de Cunha, os tais deputados federais devem se preparar para o pior.

A sessão desta segunda-feira (12) tem por objetivo a conquista de um troféu para dois blocos de parlamentares: um formado por aqueles que não assimilaram a derrota na disputa pela presidência da Câmara, outro pela tropa de choque esquerdista que busca vingança no vácuo do impeachment de Dilma Rousseff.

Este portal não tem procuração para defender Eduardo Cunha, e mesmo que tivesse não assumiria tal papel, mas exige tratamento isonômico a todos os parlamentares investigados na Lava-Jato que mentiram ao negar envolvimento com o escândalo de corrupção.

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