Nas próximas horas o Brasil saberá se os petistas passaram por alguma mudança radical e tornaram-se coerentes. Eduardo Cunha (PMDB-RJ), cuja cassação do mandato foi transformada em troféu pela esquerda nacional, era considerado criminoso por ter ocultados recursos ilícitos no exterior. Cunha foi cassado por mentir em depoimento à CPI da Petrobras, mas o que levou a esse desfecho foi a utilização de um “trust” para esconder dinheiro de corrupção.
Nesta quarta-feira (14), durante entrevista coletiva convocada para as 15 horas, o procurador Deltan Dallagnol, do Ministério Público Federal, e líder da força-tarefa da Operação Lava-Jato, deve anunciar que pelo menos uma denúncia contra o ex-presidente Lula está prestes a ser enviada à Justiça, mais precisamente ao juiz Sérgio Moro.
O caso que pode transformar o petista em réu é o apartamento triplex em Guarujá, no litoral paulista, e cuja cara e complexa reforma foi efetuada a pedido da ex-primeira-dama Marisa Letícia com o intuito de atender às necessidades da família. É nesse exato ponto que será possível saber se os “companheiros” enxergarão Lula da mesma forma como veem Cunha.
O Edifício Solaris começou a ser construído pela Cooperativa Habitacional dos Bancários do Estado de São Paulo (Bancoop), mas com a quebra da entidade a obra passou a ser responsabilidade da empreiteira OAS, cujo presidente também está entre os implicados no escândalo, assim como outro executivo da empresa, Paulo Gordilho, além do presidente do Instituto Lula, Paulo Okamotto, conhecido nos bastidores da política como o “trem pagador” do ex-metalúrgico.
Em fase anterior, Lula já havia sido indiciado pela Polícia Federal por corrupção, lavagem de dinheiro e falsidade ideológica. Na ocasião, a PF também indiciou Marisa Letícia, o que irritou o ex-presidente da República. Investigadores da Lava-Jato afirmam que o triplex estava reservado para a família Lula da Silva e que o custo da reforma, que contou com a instalação de um elevador no imóvel, foi descontado de um pagamento de propina no âmbito do Petrolão.
Na mesma investigação está o caso do Sítio Santa Bárbara, em Atibaia, no interior de São Paulo, que na opinião do UCHO.INFO é o “Fiat Elba” de Lula e há de levá-lo para a cadeia. Isso porque os capítulos dessa epopeia criminosa não se encaixam e seus protagonistas, que prestaram declarações desconexas, começam a perder o controle de uma mentira enorme e mal combinada.
A situação de Lula no caso dos dois imóveis piorou sobremaneira em agosto passado, quando as autoridades da Lava-Jato colheram novos depoimentos. Considerados pela classe política como poços de mágoa, o ex-senador Delcídio do Amaral (sem partido-MS) e o ex-deputado federal Pedro Corrêa (PP-PE) soltaram o verbo.
É importante lembrar que Delcídio, por ocasião de sua prisão, estava a serviço de Lula e do outrora governo de Dilma Rousseff, que tentavam negociar o silêncio de Nestor Cerveró, ex-diretor da área Internacional da Petrobras. Delcídio Amaral, além de abandonado pelo PT, foi chamado por Lula de “imbecil” e “idiota”. Pressionado pela família, o ex-senador aderiu À delação premiada e desde então vem fazendo um enorme e paulatino estrago.
O caso de Pedro Corrêa é parecido. Preso na Lava-Jato enquanto cumpria pena de prisão no âmbito do Mensalão do PT, Corrêa foi abandonado pela cúpula do seu partido, o PP, e de igual modo optou pela colaboração premiada. Em depoimento, teria afirmado que Lula sempre soube do esquema de corrupção que funcionou durante uma década na Petrobras, dele tirando proveitos.
Em outras palavras, Lula está cada vez mais perto de Curitiba, o que exigirá de seus advogados malabarismo jurídico para tentar evitar o pior, o que na opinião de muitos especialistas consultados por este portal é tarefa quase impossível. A prisão de Lula é uma questão de tempo e caberá ao juiz da Lava-Jato decidir o momento em que isso deve acontecer. Com essa eventual decisão chegará ao fim a maior farsa política da história brasileira.