Tensões entre Washington e Moscou ameaçam acordo de cessar-fogo na destruída Síria

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Os Estados Unidos e a Rússia demonstraram, na sexta-feira (16), interesse em prorrogar o frágil cessar-fogo em vigor na Síria há quatro dias, apesar de o futuro do acordo ser cada vez mais incerto, com relatos de violações à trégua e o fracasso na entrega de ajuda humanitária nas áreas sitiadas.

Moscou, que apoia o regime do presidente sírio Bashar al-Assad, declarou-se favorável à extensão do cessar-fogo por mais 72 horas e afirmou que “continua usando sua influência” junto às forças sírias para garantir a trégua. Dmitry Peskov, porta-voz do Kremlin, disse esperar o mesmo de Washington.

Os EUA, por sua vez, aliados de grupos rebeldes moderados, afirmaram que também consideram importante a prorrogação do cessar-fogo, mas estão preocupados com a impossibilidade da entrega de ajuda – o governo americano acusa a Síria de estar bloqueando a passagem dos comboios.

Membros do Conselho de Segurança da ONU tinham uma reunião marcada para esta sexta-feira, na qual enviados de Moscou e Washington apresentariam detalhes do acordo conjunto, mas o encontro foi cancelado. O motivo não ficou claro, mas diplomatas dizem que foi um pedido de ambos os países.

O acordo de cessar-fogo na Síria entrou em vigor na última segunda-feira, com previsão para durar sete dias. A trégua é a segunda acordada neste ano entre Moscou e Washington e tenta pôr fim aos cinco anos de guerra civil no país do Oriente Médio.


As duas potências esperam que o cessar-fogo possa criar as bases para se reiniciar negociações de paz no país, bem como contribuir para o combate de grupos extremistas, como o “Estado Islâmico” (EI). Outro intuito do acordo era permitir a chegada de ajuda humanitária a regiões sitiadas.

Incertezas sobre cooperação militar

Estados Unidos e Rússia haviam acordado que, se a cessação das hostilidades durar os sete dias previstos, estabeleceriam um centro conjunto de operações para atacar posições dos grupos terroristas EI e Frente Fateh al-Sham (Frente para a Conquista do Levante), excluídos do acordo.

Na sexta-feira, no entanto, Washington voltou a afirmar que a cooperação militar não vai acontecer a menos que a ajuda humanitária comece a chegar em Aleppo e em outras comunidades em risco.

O secretário de Estado dos EUA, John Kerry, em conversa por telefone com o ministro do Exterior russo, Sergey Lavrov, disse que Moscou tem de pressionar o regime de Assad a permitir as entregas.

“Os EUA não darão os próximos passos do acordo com a Rússia a menos que vejamos sete dias contínuos de violência reduzida e acesso de ajuda humanitária”, reforça uma nota da Casa Branca. (Com agências internacionais)

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