Mantega era chefe maior da Receita quando exigiu que Eike pagasse no exterior dívida do PT

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As teses do constrangimento e da desumanidade não justificam a decisão de revogar a prisão de Guido Mantega, ex-ministro da Fazenda (Lula e Dilma), que foi alvo da Operação Arquivo X, 34ª fase da Operação Lava-Jato.

Mantega foi preso nas primeiras horas da manhã na recepção do Hospital Albert Einstein, na Zona Sul da capital paulista, onde o petista aguardava sua mulher, Eliane Berger, passar por um procedimento médico.

Como já afirmamos em matérias anteriores, o fato de a esposa do ex-ministro estar doente não justifica a revogação do mandato de prisão, até porque há muitos pontos mal explicados nesse enredo rocambolesco. Se verdadeira a informação de que Eliane Berger seria submetida a uma cirurgia por conta de um câncer, não resta dúvida de que a família de Mantega lida com muita frieza diante de problemas sérios de saúde.

Quando a Polícia Federal chegou à residência, o filho adolescente de Mantega já tinha saído para a escola. O que denota que não era tão sério e grave o procedimento médico ao qual se submeteria Eliane Berger.

Em outro vértice do imbróglio, a filha do ex-ministro, Marina Mantega, disse à rádio Jovem Pan, horas depois da prisão do pai, que não sabia que a madrasta estava hospitalizada. Ou seja, mais uma situação que coloca sob suspeita a informação de que a esposa de Mantega enfrenta grave problema de saúde.


Fosse assim, a família não apenas saberia com antecedência da internação, mas estaria no hospital aguardando o resultado da cirurgia. Até porque, câncer não é um assunto que se resolve no podólogo da esquina. O UCHO.INFO não está a julgar a saúde de Eliane Berger, até porque nossa especialidade não é a medicina, mas dando trato jornalístico a um caso marcado por contradições e privilégios descabidos.

Em relação à questão do constrangimento e da desumanidade, esse cenário depende do ponto de vista. Na opinião do UCHO.INFO, constrangimento deveria ter sentido Mantega no momento em que exigiu que o empresário Eike Batista pagasse uma dívida de campanha do PT. Papel que não cabe a um ministro de Estado, muito menos ao titular da Fazenda.

A situação é ainda mais grave porque Mantega tinha sob o seu comando a Receita Federal, mas mesmo assim determinou que o pagamento no valor de US$ 2,3 milhões fosse feito em uma conta bancária no exterior, a favor dos marqueteiros Mônica Moura e João Santana, com base em um contrato fraudulento de prestação de serviços. Ou seja, o petista fez tudo o que um ministro da Fazenda não poderia fazer: incentivar a evasão de divisas, a lavagem de dinheiro e a corrupção.

No que tange à desumanidade, esse quesito deve ser analisado não pela situação em que Mantega foi preso, mas pela ótica dos brasileiros comuns e desassistidos pelo Estado que morrem nas filas dos hospitais públicos do País à espera de atendimento.

O Brasil perde anualmente R$ 200 bilhões com corrupção, mas há pessoas que se sensibilizam com a prisão do ex-ministro da Fazenda, executada de forma discreta e cortês, na recepção de um dos mais caros e procurados hospitais privados brasileiros, ao qual só têm acesso os aquinhoados, mesmo que através de planos de saúde.

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