Omertà: prisão de Antonio Palocci causa apreensão em alguns banqueiros pequenos e médios do País

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Com a prisão do segundo integrante das equipes econômicas de Lula e Dilma Rousseff (Mantega e Palocci) em menos de uma semana, o mercado financeiro rompeu a semana fazendo figa. Pelo menos esse é o comportamento de alguns banqueiros donos de instituições financeiras pequenas e médias, que tinham relação mais estreita e nada ortodoxa com o petista Antonio Palocci Filho, preso nesta segunda-feira (26) na Operação Omertà (35ª fase da Operação Lava-Jato).

Depois de deixar o Ministério da Fazenda debaixo do escândalo de violação do sigilo bancário do caseiro Francenildo Costa, o Nildo, que acusou o petista de comandar um esquema de corrupção a partir de mansão à beira do Lago Sul, em Brasília, Palocci elegeu-se deputado federal por São Paul, exercendo o mandato parlamentar (2006-2010) ao mesmo tempo em que cuidava da sua empresa de consultoria, a Projeto.

Inicialmente funcionando como “empresa de papel” em um escritório localizado na esquina das ruas Tabapuã e Iguatemi, no bairro paulistano do Itaim Bibi, a Projeto não demorou muito para aterrisar em novo endereço, desta vez na cara e concorrida região dos Jardins. O contrato de locação do imóvel (Alameda Lorena, 1.314) teria a assinatura de Marta Suplicy como fiadora. O que coloca a senadora – agora peemedebista – e candidata à prefeitura de São Paulo na chamada “saia justa”.

Muito estranhamente, a Projeto deslanchou em termos de negócios enquanto Palocci cumpria, na capital dos brasileiros, seu mandato parlamentar, tendo ao lado os fiéis escudeiros Branislav Kontic e Juscelino Dourado, ambos também presos na Omertà. O assessor Kontic, braço direito do ex-ministro da Fazenda, viajou, em 2010, trinta vezes entre Brasília e São Paulo, para cuidar de assuntos relacionados à empresa de consultoria.


Um ex-colaborador da Projeto, em conversa com o editor do UCHO.INFO, disse que muitas das notas fiscais da empresa foram emitidas, dentro do que determina a legislação, contra bancos e instituições financeiras de médio e pequeno portes, sem que tivesse ocorrido qualquer prestação de serviço. O então colaborador, à época responsável pela emissão das notas fiscais, confirmou em mensagem enviada por SMS que era estranha a movimentação da Projeto.

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Em uma das mensagens, o colaborador afirmou que não compreendia como Antonio Palocci conseguia prestar tantas consultorias ao mesmo tempo em que estava em Brasília, na Câmara dos Deputados. Isso significa que um avanço das investigações da Operação Lava-Jato pode desembocar em nova frente de negócios nebulosos, desta vez no setor financeiro do País.

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Diante desse possível novo cenário, muitos donos e executivos de bancos e financeiras estão preocupados com a prisão do ex-ministro da Fazenda, que em eventual acordo de colaboração premiada acabaria revelando muito além do necessário. O UCHO.INFO teve acesso às cópias das notas fiscais e afirma, sem medo de errar, que o estrago certamente será devastador se Palocci soltar a voz.

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