Rússia rechaça acusação do Ocidente de promover “barbárie” na Síria

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A Rússia rechaçou nesta segunda-feira (26) as acusações feitas pelos Estados Unidos, Reino Unido e França, no dia anterior, de que Moscou estaria piorando a carnificina na Síria, enquanto aviões russos e das forças do presidente Bashar al-Assad continuam bombardeando Aleppo.

“Consideramos o tom e a retórica dos representantes do Reino Unido e dos Estados Unidos inadmissíveis. Elas podem prejudicar e danificar as relações entre os nossos países e o processo de paz” na Síria, disse à imprensa o porta-voz da presidência russa, Dmitri Peskov.

No domingo (25), durante reunião de emergência do Conselho de Segurança das Nações Unidas, Moscou e Damasco foram repetidamente condenados por suas operações na Síria.

Samantha Power, embaixadora dos EUA na ONU, afirmou: “O que a Rússia está patrocinando não é contraterrorismo, é barbárie”. “Em vez de buscar a paz, Rússia e Assad fazem a guerra. Em vez de fazer com que ajuda essencial chegue aos civis, Rússia e Assad estão bombardeado comboios [humanitários], hospitais e socorristas que tentam desesperadamente manter as pessoas vivas.”

Por sua vez, os ministros do Exterior francês e britânico acusaram Moscou de apoiar o regime de Assad na prática de crimes de guerra na Síria. “É difícil negar que a Rússia esteja numa parceria com o regime sírio para cometer crimes de guerra”, disse o embaixador britânico na ONU, Matthew Rycroft.


Nesta segunda-feira, Peskov caracterizou a situação na Síria como “extraordinariamente complicada” e voltou a acusar os rebeldes de usarem o cessar-fogo – intermediado pelos EUA e Rússia e fracassado na semana passada – para “se reagrupar e renovar o seu arsenal” para novas ofensivas.

O porta-voz destacou que, apesar de os termos do cessar-fogo serem “pouco eficazes”, Moscou “não perdeu a esperança nem a vontade política” de dar continuidade ao processo de paz na Síria. “Até agora, tem sido difícil”, alegou Peskov.

Na última quinta-feira (22), o Exército sírio anunciou uma operação para expulsar os rebeldes da parte oriental de Aleppo. Segundo o Observatório Sírio de Direitos Humanos, ao menos 124 pessoas, a maioria civis, foram mortas em bombardeios sírios e russos desde então.

Antes da reunião do Conselho de Segurança da ONU, o secretário-geral da entidade, Ban Ki-moon, condenou o que chamou de “o mais contínuo e intenso bombardeio desde o início do conflito na Síria [em 2012]”. Ban pediu que as potências mundiais “trabalhem com mais afinco para pôr fim ao pesadelo”. Em cinco anos, a guerra já deixou mais de 300 mil mortos e milhões de deslocados.

A grande questão que predomina a guerra civil síria, iniciada em 2011, é que o governo russo de Vladimir Putin não está preocupado em buscar a paz no país comandado pelo ditador Bashar al-Assad, mas marcar posição geopolítica usando milhares de pessoas inocentes que pagam com a vida.

Putin jamais concordará plenamente com um plano de paz que tenha a participação dos EUA, pois seu objetivo é vender ao povo russo a tese da supremacia político-militar como forma de fazer com que a opinião pública local não perceba a extensão da crise que sacode o país. (Com agências internacionais)

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