Dinheiro do trotskista Palocci bloqueado por ordem de Sérgio Moro causa inquietação no PT

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Preso na Operação Omertà, 35ª fase da Operação Lava-Jato, o ex-ministro Antonio Palocci Filho (Fazenda e Casa Civil) terá um problema extra quando deixar a carceragem da Polícia Federal, em Curitiba, caso o juiz Sérgio Moro não decida transformar a prisão provisória do petista em temporária. Se continuar preso, Palocci terá dificuldades para se explicar junto aos “companheiros” que foram flagrados no Petrolão e há muito estão atrás das grades na capital paranaense.

Antonio Palocci é acusado de ter recebido R$ 128 milhões em propina em nome do PT e de coordenar o caixa da corrupção mantido pela Odebrecht para pagar o partido. Contudo, o ex-ministro não atuava apenas para defender os interesses escusos da legenda, mas agia como um braço avançado da empreiteira baiana no governo federal. Palocci era responsável por conseguir a aprovação de projetos de lei no Congresso e a edição de medidas provisória que beneficiassem a empresa da família Odebrecht.

“Conforme planilha apreendida durante a operação, identificou-se que entre 2008 e o final de 2013, foram pagos mais de R$ 128 milhões ao PT e seus agentes, incluindo Palocci. Remanesceu, ainda, em outubro de 2013, um saldo de propina de R$ 70 milhões, valores estes que eram destinados também ao ex-ministro para que ele os gerisse no interesse do Partido dos Trabalhadores”, afirma o Ministério Público Federal.

Por conta desse detalhe, Palocci foi alvo de nova decisão do juiz da Lava-Jato, que determinou o bloqueio do mesmo valor (R$ 128 milhões) nas contas bancárias do petista. O Banco Central cumpriu a ordem judicial e bloqueou R$ 30 milhões em conta da Projeto, empresa de consultoria de propriedade de Palocci, e R$ 814 mil em contas bancarias em nome do ex-ministro.


Causa estranheza o valor que Palocci mantinha nas contas bancárias, pois em tempos bicudos serviços de consultoria são os primeiros a serem cortados. Ademais, se esse montante tem origem supostamente legal, ou quase isso, resta saber quanto o ex-chefe da Casa Civil de Dilma tem guardado da propina que recebeu da Odebrecht em nome próprio e do PT.

A informação causou constrangimentos na cúpula petista, que começa a fermentar as mais diversas desconfianças. Não se sabe se Palocci recebeu algum valor ilícito sem repassar o devido quinhão ao partido, ou se usou da sua influência para fazer negócios nos subterrâneos dos governos de Lula e Dilma.

Como noticiado há quase dez anos pelo UCHO.INFO, a Projeto funcionava (sic) em um escritório localizado na esquina das ruas Iguatemi e Tabapuã, no bairro paulistano do Itaim Bibi, mas na verdade o local servia apenas para a emissão das notas fiscais da empresa de consultoria. Este portal teve acesso aos talonários da Projeto e constatou que muitas das notas foram emitidas contra bancos de porte médio e pequeno. A quebra do sigilo fiscal da Projeto poderá esclarecer muitas dúvidas.

Diante desse quebra-cabeça da corrupção, não causará estranheza se o juiz Sérgio Moro prorrogar a prisão provisória de Palocci ou mudar o status da mesma. Até porque, considerando o fato de que o caso investigado pela força-tarefa da Lava-Jato é muito maior e mais complexo do que se imaginava, Palocci pode representar uma ameaça às investigações, podendo, inclusive, coagir eventuais testemunhas.

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