Cessar-fogo continua valendo, afirma presidente da Colômbia; acordo rejeitado em plebiscito é armadilha

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O presidente colombiano, Juan Manuel Santos, reconheceu no domingo (2) a vitória do “não” no plebiscito sobre o acordo de paz assinado com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC) e ressaltou que o cessar-fogo continua em vigor.

“Como chefe de Estado devo garantir a estabilidade da nação, e esta decisão democrática não pode afetar essa estabilidade”, disse Santos, em pronunciamento televisivo, após o resultado da consulta popular.

O presidente afirmou que continuará buscando a paz e ressaltou que o cessar-fogo “bilateral e definitivo”, que teve início em 29 de agosto, continua em vigor. Santos anunciou ainda que se reunirá com lideranças que apoiaram o não para determinar os próximos passos.

Negociadores do governo foram enviados a Havana para manter as lideranças das FARC informadas sobre os resultados do diálogo. “Não vou me render”, disse Santos, reiterando que buscará a paz até o último minuto.

FARC lamentam resultado

O número um das FARC, Rodrigo Londoño Echeverri, conhecido como Timochenko, lamentou o resultado do plebiscito e assegurou que a guerrilha manterá seu compromisso com a paz.

“As FARC lamentam profundamente que o poder destrutivo daqueles que semeiam o ódio e o rancor tenha influenciado a opinião dos colombianos”, disse Echeverri. Ele salientou que a guerrilha, apesar do resultado, continua buscando a paz.

Em uma disputa acirrada, os colombianos rejeitaram neste domingo o acordo de paz assinado entre o governo e as FARC. Cerca de 13 milhões dos 34 milhões de eleitores foram às urnas para a consulta popular. Do total, 50,22% votaram contra o acordo de paz e 49,77% a favor do documento.


Desta maneira, foi dada a última palavra sobre o acordo histórico que colocaria fim ao conflito armado. Com a vitória do não, o governo fica impedido de pôr em prática as medidas previstas no documento.

Alcançado em agosto em Havana, após quatro anos de negociações, o acordo foi assinado pelo governo e pelas FARC na segunda-feira. A cerimônia reuniu líderes mundiais como o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon; o secretário de Estado norte-americano, John Kerry; além dos presidentes de Cuba, Raúl Castro, do Equador, Rafael Correa, e do Panamá, Juan Carlos Varela; e do rei Juan Carlos da Espanha.

Algo errado

É importante atentar para o fato de que no momento em que a maioria do povo colombiano decide pelo “não”, há algo errado nesse acordo de paz, que atende muito mais aos interesses dos guerrilheiros do que aos da população.

A Colômbia conhece muito bem a história das FARC e certamente discordou da enxurrada de benesses concedidas aos guerrilheiros, que há muito sobrevivem do tráfico de drogas e de armas, não dos sequestros de autoridades e da prática de extorsão ao Estado.

Cientes de que há qualquer instante poderiam cair facilmente nas mãos da Justiça, especialmente pela perde do “poder de fogo”, os guerrilheiros aproveitaram a derrocada do socialismo na América Latina, acionando o governo de Havana para formular a propositura de um acordo de paz. Com o intuito de vender a falsa ideia de que o socialismo não é o “bicho de sete cabeças” que todos conhecem, os facinorosos irmãos Raúl e Fidel Castro deram tratos ao tema.

Com a transformação da guerrilha em um partido política, como estipula o acordo, as FARC se transformariam em uma frente legalizada do esquerdismo radical, algo que agrada Havana, principalmente porque para os socialistas da região é preciso recuperar o terreno perdido com as derrotas de alguns “camaradas”, como Fernando Lugo, Cristina de Kirchner, Dilma Rousseff e, em breve, Nicolás Maduro.

Ademais, cabe uma questão nesse imbróglio que se formou na esteira do tal acordo de paz. Que função terão os milhares de integrantes das FARC, que da noite para o dia transformaram-se em pessoas bem intencionadas e dispostas ao diálogo? Por certo serão porta-vozes do narcotráfico, enquanto disseminam as teorias obsoletas do socialismo bandoleiro que devastou essa porção do continente americano. (Com agências internacionais)

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