As eleições municipais mal tinham começado no domingo (2), quando Lula, após votar em São Bernardo do Campo, mais uma vez abusou da sua conhecida bazófia. Disse o dramaturgo do Petrolão que o PT surpreenderia nas urnas. Ser otimista é recomendável, mas não se pode fugir à realidade.
Não contente com sua verborragia insana, Lula preferiu não aceitar a realidade e tratou com ironia a possibilidade de Fernando Haddad, prefeito de São Paulo, ser derrotado na sua tentativa de reeleição. Desesperado, o ex-presidente comparou João Doria (PSDB), eleito no primeiro turno para comandar a maior cidade brasileira, a Fernando Collor de Mello. Se a ordem do dia é fazer comparações, Lula deveria enxergar Ali Babá quando se olha no espelho, mas não o faz porque, a reboque de um projeto criminoso de poder, insiste na tese utópica de que os fins justificam os meios.
Sangrando à sombra do maior esquema de corrupção de todos os tempos, além de ser o responsável pela débâcle da economia nacional, o PT de fato surpreendeu, inclusive causando enorme susto na “companheirada”. O encolhimento político foi tão grande, que das 644 prefeituras conquistadas em 2012 o partido conseguiu neste pleito apenas 256. Uma queda de 59%, o que exigirá do PT uma reflexão profunda, longe dos mantras mentirosos entoados por seus próceres.
Com muitos “companheiros” presos na esteira da Operação Lava-Jato e correndo o risco de em breve acertar as contas com o juiz Sérgio Moro, o ex-presidente é o que se pode chamar de personificação da derrota. Nem mesmo um dos seus filhos, Marcos Cláudio Lula da Silva, conseguiu reeleger-se vereador em São Bernardo do Campo, berço do sindicalismo nacional e reduto eleitoral do ex-metalúrgico. Marcos Lula ficou em 58º lugar na lista de candidatos a vereador da cidade do Grande ABC, tendo conseguido míseros 1.504 votos.
A derrota do PT foi além do que esperavam os caciques do partido. Nas 26 capitais (em Brasília não houve eleição), o PT venceu apenas em uma, Rio Branco, no Acre, e disputará o segundo turno em Recife – o candidato petista João Paulo corre o risco de ser derrotado na nova etapa.
Até o domingo de eleições municipais, a cantilena era a do golpe que apeou do poder central não apenas o PT, mas toda a esquerda bandoleira. Foi preciso paciência para suportar esse discurso enfadonho e recorrente, mas as urnas salvaram os brasileiros de bem, colocando fim ao palavrório que nem mesmo em sonho traduzia a verdade. Afinal, prevaleceu a vontade maiúscula da população.