Operação da PF mira ex-ministros das Cidades, mas pode investigar ex-secretário-executivo da pasta

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A Operação Hidra de Lerna, deflagrada pela Polícia Federal na manhã desta terça-feira (4), investiga financiamento ilegal de campanhas políticas na Bahia e fraudes em licitações e contratos no Ministério das Cidades, que na era petista esteve sob a batuta de Márcio Fortes e Mário Negromonte (PP-BA).

Na mira da PF está um grupo criminoso responsável pela eventual prática de financiamento ilegal de campanhas políticas na Bahia e por fraudes em licitações e contratos no Ministério das Cidades, uma das pastas que nos últimos anos receberam dinheiro a rodo por conta da campanha de Dilma Rousseff à reeleição e das obras da Copa do Mundo de 2014.

Os investigadores também estão debruçados sobre uma possível conexão do esquema com a campanha do petista Rui Costa ao governo baiano. Por meio da assessoria de imprensa, o governador informou que se pronunciará sobre o assunto, pois a denúncia refere-se à campanha, assunto que deve ser esclarecido pelo Partido dos Trabalhadores. Ou seja, Costa usa a mesma desculpa da ex-presidente Dilma.

A PF suspeita que Mário Negromonte e Márcio Fortes receberam propina para beneficiar a agência de publicidade Propeg, que venceu licitação do Ministério das Cidades no valor de R$ 45 milhões. Por meio de nota, a Propeg informou que prestou apoio à ação da PF e que os fatos investigados não têm qualquer conexão com o PT, o governador da Bahia e com a empreiteira OAS.

Os investigadores não podem ignorar alguns detalhes importantes na história recente do Ministério das Cidades, mas precisamente na era petista. Se na mira da PF está o ex-ministro Márcio Fortes, não há como deixar de fora das investigações o então secretário-executivo da pasta, Rodrigo Figueiredo, que na prática é o ministro de fato. O que não significa que Figueiredo tenha participado do esquema criminoso, mas certamente sabia do que se passava no ministério.

Coincidência ou não, Rodrigo Figueiredo, após deixar a pasta das Cidades, assumiu o comando da Secretaria de Defesa do Ministério da Agricultura, por indicação do agora deputado cassado Eduardo Cunha.


De igual modo, não se pode esquecer que o então presidente Lula desalojou o “companheiro” Olívio Dutra do Ministério das Cidades para acomodar no cargo Márcio Fortes, indicado ao posto pelo enrolado Partido Progressista, legenda com o maior número de parlamentares investigados na Operação Lava-Jato.

O nome da operação

Hidra de Lerna era um monstro, filho de Tifão e Equidna, que habitava um pântano junto ao lago de Lerna, na Argólida, região que atualmente equivale à costa leste do Peloponeso. Hidra tinha corpo de dragão e três cabeças de serpente (quando uma delas era cortada, outras duas nasciam no lugar) que destilavam hálito venenoso.

A peçonha de Hidra era tamanha, que seu hálito era capaz de matar quem se aproximava. Hidra foi derrotada por Héracles (Hércules), que inicialmente tentou esmagar as cabeças do monstro, mas acabou percebendo que outras surgiam em seguida.

Foi quando Héracles decidiu mudar de tática, pedindo a um sobrinho que queimasse os locais dos cortes, cicatrizando as feridas. Sobrou apenas a cabeça do meio, considerada imortal, mas que Héracles conseguiu cortar e enterrar com a ajuda de enorme pedra.

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