Gleisi Helena Hoffmann (PR), a senadora petista que ainda está atordoada com o ronco das urnas paranaenses, parece não viver um bom momento. Considerada até recentemente como o “pitbull” da tropa de choque da agora ex-presidente da República, Gleisi foi acusada pelo oitavo delator da Operação Lava-Jato. O que complica sobremaneira a já difícil situação da senadora.
Agora, quem acusa a parlamentar de corrupção é Fernando Migliaccio, chefe do setor de propinas (departamento de Operações Estruturadas) da Odebrecht. Ele disse aos procuradores da República que integram a força-tarefa da Lava-Jato que, a pedido de Marcelo Odebrecht, repassou dinheiro ao marqueteiro da senadora, Oliveiros Domingos Marques Neto, dono da agência de publicidade Loducca.
Porém, há um detalhe ainda mais grave nessa epopeia bandoleira. A ligação de Gleisi com o setor de propinas da Odebrecht não se limitou ao “pixuleco” pago pela empreiteira baiana ao seu marqueteiro. Fernando Migliaccio fez repasses em dinheiro para Gleisi através de “Bruno”.
O blog “O Antagonista” identificou quem é Bruno: “Em diversas planilhas de pagamentos de despesas de Paulo Bernardo e Gleisi Hoffmann, aparece o nome do petista Hernany Bruno Mascarenhas. Em e-mail a Marcelo Maran, o advogado-lobista Guilherme Gonçalves trata do pagamento do 13° de Hernany, uma espécie de faz-tudo de Gleisi e Paulo Bernardo, quando ambos eram ministros de Dilma Rousseff. Ele é meio mala, mas está me dando uma PUTA tranquilidade em relação a Manuela, e está sendo eficiente quando os ministros precisam – e isso não tem o que pague!”.
Para quem prega a própria inocência e jura jamais ter se apropriado de valores de origem escusa, Gleisi está revelando-se muito melhor do que imaginavam os mais ousados especialistas em enredos policialescos.
Ao lado do marido, o ex-ministro Paulo Bernardo da Silva (Planejamento e Comunicações), e do empresário curitibano Ernesto Kluger Rodrigues, a senadora responde a processo penal no Supremo Tribunal Federal (STF), no âmbito do Petrolão, por corrupção e lavagem de dinheiro. Gleisi é acusada de receber R$ 1 milhão em propina do esquema criminoso que durante uma década funcionou de forma deliberada na Petrobras. O dinheiro sujo abasteceu o caixa 2 da campanha de Gleisi ao Senado, em 2010, segundo os investigadores.
A situação da petista piora com o passar do tempo, pois, à medida que avançam as investigações da Lava-Jato, as verdades desfazem o moralismo barato e de ocasião de Gleisi Hoffmann. A senadora sabe que uma eventual condenação no STF será o primeiro passo para a cassação do seu mandato parlamentar.