Gleisi apela à comunista Jandira, coligada a Leprevost, para manter “boquinhas” em Curitiba

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A esquerda ficou semi-órfã na disputa do segundo turno em Curitiba. A eleição será disputada por Rafael Greca (PMN) e Ney Leprevost (PSD), políticos que são geralmente identificados com de direita. Contudo, a esquerda não quer ficar de fora do comando de Curitiba, onde atualmente controla a vice-prefeitura, com a petista Miriam Gonçalves, com direito a secretarias e centenas cargos.

Elaborado pela senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), o plano para manter a esquerda no poder – e também nos cargos municipais, em Curitiba – passa pelo suposto fortalecimento da coligação de Ney Leprevost com o PCdoB e pela tentativa de levar para o candidato do PSD os votos do PT.

Gleisi acredita que o caminho para reforçar essa aliança é convocar para a campanha de Curitiba sua amiga e camarada Jandira Feghali, deputada federal pelo PCdoB fluminense. Jandira terminou em sétimo lugar na corrida à prefeitura do Rio de Janeiro, mas goza prestígio junto a esquerda curitibana para participar diretamente da campanha de Leprevost.

A tese de Gleisi, para aprofundar a aliança do candidato do PSC com a esquerda, é a de que Leprevost só ganhará de Greca, que conquistou 38% dos votos válidos (Leprevost teve 23%) se atrair o eleitor de esquerda. Esse [eleitor esquerdista] foi derrotado junto com o prefeito Gustavo Fruet (20%), o peemedebista Requião Filho (8%), o petista Tadeu Veneri (4%) – pupilo e protegido de Gleisi –, e Xênia Mello, do PSOL, que teve 1,15% dos votos válidos.

A presença da comunista Jandira Feghali na órbita de Ney Leprevost (cultuada por setores da esquerda paranaense, como os estudantes da Universidade Federal do Paraná, em Curitiba) seria uma forma de demonstrar, segundo a senadora, o caráter progressista da candidatura do PSC.


A contrapartida a esse apoio a Leprevost seria uma partilha do poder na prefeitura. O PT quer manter os espaços que controla com Fruet, por isso defende a entrega de pasta relevante ao PCdoB em eventual administração de Ney Leprevost.

Do ponto de vista de Gleisi, ter uma atuação decisiva na eventual vitória de Leprevost e ganhar uma fatia de poder em Curitiba é uma questão de vida e morte. A senadora tornou-se ré na Operação Lava-Jato, está ameaçada de prisão, e o PT foi varrido do mapa no estado. O partido, que tinha 43 prefeituras, entre elas grandes municípios, conquistou, nas recentes eleições, o comando de dez minúsculas cidades (Ariranha do Ivaí, Diamante do Norte, Nova Laranjeiras, Paiçandu, Paraíso do Norte, Paranapoema, Pinhão, Planalto, Realeza e São João do Triunfo).

Nenhum projeto político sustenta-se sobre bases tão frágeis. Levar o PT e a esquerda a votar no candidato do PSC virou questão de sobrevivência política. Resta saber se Leprevost presta-se a papel tão pequeno e condenável. Afinal, na prática terá de render-se a um plano maquiavélico arquitetado por alguém que afunda na lama da corrupção.

A coligação de Ney Leprevost – “Corrente do Bem” (PSD, PSC, PEN, PTC, PPL, PSL e PCdoB) – é bastante eclética, mas parece ser do mal.

A coligação de Ney Leprevost – “Corrente do Bem” (PSD, PSC, PEN, PTC, PPL, PSL e PCdoB) – é bastante eclética, mas parece ser do mal. A tese de Gleisi e dos aliados esquerdistas do candidato do PSD é de que para superar a vantagem de 15 pontos percentuais de Greca é preciso dar caráter mais ideológico à disputa. Porém, é importante que o eleitor saiba identificar qual candidato representa o futuro, quem é progressista, quem deseja a volta ao passado, dizem esses aliados oportunistas.

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