Lava-Jato: condenação de Gim Argello à prisão deve colocar mais políticos corruptos na mira da PF

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Logo após ser preso pela Polícia Federal, em 12 de abril deste ano, na Operação Vitória de Pirro (28ª fase da Operação Lava-Jato), o ex-senador Gim Argello jurou inocência e alegou desconhecer os motivos de sua prisão.

Argello, que ganhou notoriedade política ao assumir mandato de senador na esteira da renúncia de Joaquim Roriz, estava envolvido no maior esquema de corrupção da história, o Petrolão. Segundo as investigações, Gim cobrou propina para que proprietários e executivos das empreiteiras do Petrolão não fossem chamados a depor na CPMI da Petrobras que tramitava no Senado Federal.

Dono da UTC Engenharia, Ricardo Pessoa afirmou em depoimento de colaboração premiada que pagou R$ 5 milhões, por meio de contribuição eleitoral para vários partidos, para que não fosse chamado na CPMI criada para investigar os escândalos de corrupção na estatal petrolífera. A malandragem foi tamanha, que por indicação de Argello parte do dinheiro foi parar na conta bancária de uma paróquia do Distrito Federal.

Por conta desse envolvimento e diante de provas irrefutáveis, o juiz federal Sérgio Moro condenou, no âmbito da Lava-Jato, o ex-senador a 19 anos de prisão, inicialmente em regime fechado, pelos crimes de corrupção passiva, lavagem de dinheiro e obstrução à investigação. Argello foi absolvido no caso de organização criminosa.

“O condenado, ao invés de cumprir com seu dever, aproveitou o poder e oportunidade para enriquecer ilicitamente, dando continuidade a um ciclo criminoso. A prática de crimes por parlamentares, gestores da lei, é especialmente reprovável, mas ainda mais diante de traição tão básica de seus deveres públicos e em um cenário de crescente preocupação com os crimes contra Petrobrás”, escreveu Moro na sentença.

De acordo com o magistrado, o crime em questão envolveu a solicitação de cerca R$ 30 milhões, R$ 5 milhões para cada empreiteira, sendo que apenas um montante de R$ 7,35 milhões foi efetivamente pago.


“As propinas foram utilizadas no processo eleitoral de 2014, com a afetação de sua integridade, além de ter afetado a regularidade das apurações realizadas no âmbito da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito da Petrobras”, destacou.

Empreiteiros que são réus em outras ações da Lava-Jato também foram condenados. O juiz absolveu por falta de provas, de todos os crimes denunciados, cinco dos acusados.

A condenação de Gim Argello coloca ainda mais lenha em fogueira que já é sabidamente ardente. Isso porque, diante de pena tão dura, o ex-senador poderá em breve aderir à delação premiada, o que levaria outros políticos ao olho do furacão. Não apenas os envolvidos diretamente no caso que resultou nas citadas condenações, mas outros que participaram de muitos esquemas criminosos no escopo do governo federal.

Confira abaixo a relação dos réus nesta ação:

-Jorge Afonso Argello (Gim Argello) – ex-senador pelo PTB – condenado a 19 anos de prisão por corrupção passiva, lavagem de dinheiro e obstrução à investigação de organização criminosa.

-Jorge Afonso Argello Junior – filho do ex-senador – absolvido

-Paulo César Roxo Ramos – assessor do ex-senador – absolvido

-Valério Neves Campos – ex-secretário-geral da Câmara Legislativa do Distrito Federal – absolvido

-José Aldemário Pinheiro Filho (Léo Pinheiro) – ex-presidente da construtora OAS – condenado 8 anos e dois meses de reclusão pelos crimes de corrupção ativa, lavagem de dinheiro e obstrução à investigação de organização criminosa.

-Roberto Zardi Ferreira – diretor de Relações Institucionais da OAS – absolvido

-Dilson de Cerqueira Paiva Filho – executivo ligado à OAS – absolvido

-Ricardo Ribeiro Pessoa – dono da construtora UTC – condenado 10 anos e seis meses de reclusão por corrupção ativa, lavagem de dinheiro e obstrução à investigação de organização criminosa.

-Walmir Pinheiro Santana – ex-diretor financeiro da UTC – condenado 9 anos, oito meses e 20 dias de reclusão por corrupção, lavagem de dinheiro e obstrução à investigação de organização criminosa.

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