Lava-Jato: discurso dramático de José Dirceu para convencer Moro foi o mesmo usado após cassação

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Na última sexta-feira (21), ao depor perante o juiz Sérgio Moro, responsável na primeira instância do Judiciário pelos processos resultantes da Operação Lava-Jato, o petista José Dirceu mais uma vez abusou da dramaturgia para tentar conseguir sua liberdade provisória.

Processado e condenado por participar do maior e mais acintoso esquema de corrupção, o Petrolão, Dirceu negou que tenha interferido em licitações da Petrobras, assim como afirmou que jamais solicitou propinas a empresários em troca de facilidades na estatal.

“Eu estou sendo responsabilizado por um contrato sem nenhuma participação minha ou de minha empresa. Nenhuma. Zero”, afirmou. “Eu, realmente, não tenho nada a ver com isso. Na verdade, eu não devia estar aqui, sinceramente. Eu não tenho muito o que dizer.”

O ex-ministro da Casa Civil aproveitou a oportunidade para pedir a Moro para responder aos processos em liberdade, mas não foi convincente, já que o magistrado negou o pedido.

Dirceu é um alarife experimentado que sabe como jogar com as palavras e enfrentar determinadas situações. Por isso tem mantendo silêncio obsequioso, situação que deve continuar por mais algum tempo.


No melhor estilo dramalhão mexicano, o petista alegou que precisa deixar a prisão para trabalhar a sustentar a filha mais nova. “Eu preciso sair para trabalhar, para sustentar minha filha que tem seis anos de idade”, solicitou Dirceu, ao final da audiência. “Não é crível que alguém acredite que eu vou fugir, que eu vou obstruir a Justiça, na situação que eu estou”, completou.

Esse discurso supostamente emotivo é mais um estratagema de Dirceu para se ver livre da prisão. Sua falta de imaginação é tamanha, que, em dezembro de 2015, ao perder o mandato de deputado federal por envolvimento no Mensalão do PT, o petista destilou a mesma cantilena.

Em entrevista coletiva concedida no plenário 13 do setor de comissões permanentes da Câmara dos Deputados, na manhã de 2 de dezembro de 2005 (sexta-feira), um dia após a cassação do seu mandato parlamentar, José Dirceu disse que na segunda-feira subsequente (5) retomaria o ofício de advogado, pois precisava de dinheiro para sustentar as filhas.

Por questões óbvias ninguém acreditou nas palavras do deputado cassado, assim como Dirceu não se dedicou à advocacia. Ao contrário, passou a atuar como intermediador de negócios com os governos do PT (leia-se Lula e Dilma Rousseff), com direito a tráfico de influência.

Em relação ao momento atual, Dirceu comete um enorme equívoco ao falar sobre sua necessidade de trabalhar para sustentar a filha de 6 anos, uma vez que está sendo defendido por um dos mais renomados e caros criminalistas do País. E quem tem dinheiro para contratar um profissional desse naipe não está a enfrentar dificuldades financeiras.

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