Quando o UCHO.INFO afirmou, na edição desta terça-feira (25), que o governo de Michel Temer está de joelhos diante do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), não o fez por mera especulação, mas com base em análise de uma sequência de fatos que não deixa dúvidas acerca da vexatória situação em que se encontra o Palácio do Planalto. Isso significa que depois da tentativa de transformar o Brasil em uma versão agigantada da combalida Venezuela, o País está ameaçado por uma ditadura “corruptocrata”.
Depois do surgimento da crise institucional entre os três Poderes, Michel Temer, preocupado com a aprovação no Congresso das matérias que visam tirar o Brasil da vala da crise, cedeu à pressão de Renan Calheiros e tentou promover um encontro entre o senador alagoano, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), a presidente do STF, ministra Cármen Lúcia, e o ministro da Justiça, Alexandre de Moraes.
O cenário político-institucional não é dos melhores, possivelmente pior do que o gestado na época da então presidente Dilma Rousseff. Depois de rebater o presidente do Senado e exigir “respeito” ao Judiciário, a ministra Cármen Lúcia alegou problemas de agenda para não comparecer ao encontro. Até porque, caso participasse da reunião, a presidente do STF colocaria o Judiciário de joelhos diante de Renan Calheiros, que é alvo de pelo menos uma dezena de inquéritos que tramitam na Corte.
Calheiros, por sua vez, condicionou a sua participação no encontro a não presença do ministro da Justiça, que foi chamado pelo senador de “chefete de polícia”. Muito estranhamente, o governo aceitou a imposição do presidente do Senado e desconvidou o ministro da Justiça. Em outras palavras, o Palácio do Planalto não precisou de muito tempo para confirmar o conteúdo da matéria deste portal de notícias.
Dessa queda de braços, alimentada por um misto de fogueira de vaidades com interesses escusos de alguns protagonistas, depreende-se que o governo está sem poder de mando, pois é inaceitável que um senador faça exigências para participar de uma reunião cujo objetivo é aparar arestas.
Que Renan e Temer nunca se deram bem todos sabem, mas a fingida “lua de mel” acabou acontecendo por interesses nada republicanos de ambos. O presidente da República precisava, como ainda precisa, manter no Congresso uma base que lhe dê sustentação, enquanto o presidente do Senado trocou apoio político por espaço no governo. E nesse imundo escambo que domina a política verde-loura, Renan conseguiu emplacar o ministro do Turismo.
A frouxidão do governo Temer é latente e não merece ser discutida a fundo, pois fazer isso seria gastar vela boa com defunto ruim. No momento em que foi cortado da lista de convidados para a reunião que colocaria uma pedra sobre o imbróglio que surgiu a partir da Operação Métis, o ministro da Justiça deveria dar-se o devido respeito e apresentado de chofre sua demissão. Não o fez por apego ao cargo, para o qual foi indicado sem ter estofo para tanto.
Diante desse ziguezague da crise institucional que se instalou no País em questão de horas, cabe-nos afirmar que o governo de Michel Temer caiu no descrédito muito antes do previsto. Uma situação como essa exige grandeza dos atores, algo que apenas Cármen Lúcia mostrou ter de sobra. Mineira que é, a presidente do Supremo não caiu na esparrela engendrada pelos chefes dos outros dois Poderes da República. E feliz 2019!