Alexandre de Moraes é alvo de críticas, mas tucanos afirmam que ministro da Justiça cumpriu seu papel

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Nesta terça-feira (25), líderes do PSDB deram respaldo ao ministro da Justiça, Alexandre de Moraes. O ministro tem sido alvo de críticas feitas pelos presidentes do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL) e da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), assim como de outros parlamentares, após a ação da Polícia Federal que na última sexta-feira (21) prendeu quatro policiais legislativos do Senado por suspeita de tentar atrapalhar as investigações da Operação Lava-Jato.

O ministro é ligado ao governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), a quem serviu como secretário de Segurança Pública, e tem apoio de parte das bancadas do partido na Câmara e no Senado.

Contudo, peessedebistas criticaram a ação da PF no Senado. “Achei a operação agressiva. Podiam ter dialogado e teriam o mesmo resultado. Acho desnecessário tensionar. Eu não me intimido”, afirmou o senador José Aníbal (PSDB-SP).

Em caráter reservado, líderes tucanos já demonstraram insatisfação com o estilo de Moraes, alegando que o ministro deveria ser mais discreto e evitar declarações polêmicas.

Após anunciar que recorrerá ao Supremo Tribunal Federal (STF) para contestar a operação da PF, subordinada a Moraes, Renan chamou o ministro da Justiça de “chefete de polícia” e reclamou que ele não tem se portado como um ministro de Estado, mas como um “ministro circunstancial de governo”.

Rodrigo Maia, por sua vez, disse na terça-feira (25) que o ministro errou ao comentar a atuação da Polícia Legislativa do Senado quando discutiu o mérito da operação.


Segundo o discurso dos tucanos, Moraes tem cumprido o seu papel previsto na lei e não poderia deixar de cumprir determinação judicial que respaldou a Operação Métis. A ordem, entretanto, é não criar polêmicas com os comentários críticos, principalmente vindos de Renan.

“Há um erro de concepção supor que a Polícia Federal agiu sob o comando do ministro. Ela agiu sob a ordem do juiz federal, uma vez que ela é polícia judiciária”, disse o líder do governo no Senado, o tucano Aloysio Nunes Ferreira (SP), que rebateu as críticas à fala de Moraes no dia da operação de que os policiais legislativos extrapolaram suas funções. “Tenho outra visão do ministro da Justiça. É competente e foi um excelente secretário de Segurança Pública em São Paulo e está cumprindo o seu papel”, completou.

“Nossa solidariedade o ministro teve e continua tendo” reforçou o líder do PSDB no Senado, Paulo Bauer (SC).

A orientação que vem de cima é manter o apoio a Moraes, sem se envolver em polêmicas públicas para não agravar a crise. Ainda não está prevista uma reunião de desagravo ao ministro como a que ocorreu no gabinete do senador Tasso Jereissati (PSDB-CE), na semana passada, antes da ação da Polícia Federal no Senado.

Só lembrando, Moraes já vinha sendo alvo de críticas, entre elas a de ter supostamente antecipado a fase da Lava Jato que prendeu o ex-ministro Antonio Palocci Filho (PT).

Para alguns tucanos, as declarações do presidente do Senado foram entendidas como um pedido velado pela saída do ministro do cargo. Renan nega que queira derrubar Moraes, mas fez críticas ao titular da Justiça em uma sucessão de conversas que têm tido com o presidente Michel Temer desde a ação.

Na Câmara, a ordem dos peessedebistas é não entrar no embate entre Senado e governo, isto é, não permitir que o assunto continue “rendendo”. Moraes não é visto como ministro da cota da bancada e, sim, como uma figura ligada ao governador de São Paulo e que tem a confiança pessoal de Temer.

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