Eventual eleição de Crivella no Rio de Janeiro pode ser nocaute no ringue da esquerda verde-loura

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O segundo turno das eleições municipais é considerado pelos eleitores como uma chatice no cotidiano cidadão, mas essa fase do pleito não apenas define quem comandará importantes cidades brasileiras, mas revela os destinos das correntes político-ideológicas existentes no País.

A esquerda brasileira tornou-se acéfala depois que o Partido dos Trabalhadores naufragou na lama da corrupção e levou uma considerável surra nas urnas eleitorais, no primeiro turno. Sem contar a derrocada do esquerdismo no continente, que parece viver um “strike” ideológico.

Com um processo de encolhimento político jamais visto, o PT tenta sobreviver em meio ao caos que o atinge, mas esse ressurgimento dá mostras de que não será uma operação tão simples e fácil como imaginavam os “companheiros”.

Nas duas maiores cidades do País, São Paulo e Rio de Janeiro, o PT foi alijado das disputas pelas respectivas prefeituras, sendo que na capital paulista o tombo foi inenarrável. Isso porque o petista Fernando Haddad, que tentava a reeleição e tinha à disposição a máquina municipal, amargou derrota inédita. Até mesmo nas regiões mais pobres da cidade, onde o petismo sempre falou mais alto, Haddad teve péssimo desempenho eleitoral. Para piorar o quadro, o prefeito paulistano foi derrotado pelo candidato do PSDB, histórico rival dos petistas.

Muitos defendem o extermínio da esquerda no Brasil, mas é preciso compreender que a democracia é fruto do equilíbrio de forças opostas, de opiniões divergentes, de ideologias distintas. A não existência da direita ou da esquerda remete a um cenário ditatorial, algo que muitos brasileiros já experimentaram e não sonham com bis.

A primeira aposta para suceder o PT na liderança esquerdista era a Rede Sustentabilidade, partido de Marina Silva, mas a legenda saiu nocauteada das eleições municipais e sem saber que rumo seguir. Tanto é assim, que Marina está reavaliando sua intenção de concorrer à Presidência da República em 2018. A indefinição que toma conta da Rede levou muitos correligionários a deixarem o partido.


Por questões sequenciais, o PSOL seria, em tese, o candidato a assumir a liderança da esquerda verde-loura, algo que, se consumado, seria uma guinada ao fundamentalismo socialista, o mesmo que vem derretendo a vizinha e combalida Venezuela.

Sem votação expressiva na cidade de São Paulo, o que daria à legenda o direito de pleitear o comando esquerdista, o PSOL manteve a esperança com a candidatura de Marcelo Freixo, que disputa a prefeitura do Rio de Janeiro. E vencer na Cidade Maravilhosa daria ao PSOL visibilidade política considerável.

Contudo, o brasileiro parece estar vacinado contra o populismo e o radicalismo esquerdistas, que durante treze anos promoveram uma considerável e histórica lambança no País. Na capital fluminense, tudo indica que o candidato Marcelo Crivella (PRB) sairá vitorioso das urnas do próximo domingo (30), poisos cariocas querem ver Freixo na prefeitura do Rio. Em outras palavras, o pensamento do eleitor carioca para ser “fundamentalismo por fundamentalismo, melhor a direita do que a esquerda”.

De acordo com levantamento feito pelo instituto Paraná Pesquisas, Marcelo Crivella, senador e dublê de pastor evangélico, lidera com 62% dos votos válidos, enquanto Marcelo Freixo, o financiador dos “black blocs”, tem 38%.

A última alternativa viável (sic) seria o PCdoB assumir essa liderança, mas a deputada Jandira Feghali, expoente momentâneo da legenda, fracassou ainda no primeiro turno na peleja pela prefeitura carioca. Flávio Dino, governador do Maranhão, é político de menos para ousadia demais. Os demais integrantes do “partidão” ou são inexpressivos ou têm pequenos escândalos no currículo.

O cenário da esquerda é de incertezas que se acumulam. Diante disso, o PT até pensou em permanecer na liderança do bloco comunista, mas a situação de Lula não permite tamanha ousadia. O ex-metalúrgico afunda cada vez mais no lamaçal da Operação Lava-Jato, correndo o risco de ser preso a qualquer momento. No Congresso Nacional, o partido tenta fazer barulho adotando um discurso mentiroso e mais à esquerda, mas está desprovido de moral para tal empreitada.

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