Em meio à crise, Senado gastará R$ 283 mil para reformar o gabinete do enrolado Romero Jucá

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Creditada ao general francês Charles de Gaulle, sem a devida comprovação da autoria, a frase “O Brasil não é um país sério” é a melhor radiografia dessa barafunda em que o dinheiro do contribuinte é tratado com desprezo.

No momento em que o Brasil atravessa a mais grave crise econômica de sua história, com direito a inflação elevada, desemprego em alta, consumo em queda e inadimplência em níveis recordes, o Senado Federal conseguiu a proeza de contratar, por R$ 283 mil, uma empresa de engenharia (JDC Engenharia) para reformar o gabinete do senador Romero Jucá (PMDB-RR).

A contratação se deu por meio de pregão eletrônico e, segundo consta, prevê “fornecimento de insumos e serviços comuns de engenharia para reformas e obras no Complexo Arquitetônico do Senado Federal (Reforma no Gabinete do Senador Romero Jucá)”.

Essa bizarrice é justificada pelo fato de Jucá ter sido escolhido pelo presidente Michel Temer para assumir a liderança do governo no Congresso, em substituição à senadora Rose de Freitas (PMDB-ES).


Além do gabinete de Jucá, o Diário Oficial da União traz, na edição desta segunda-feira (7), extratos de outras obras a serem realizadas no Senado: reformas no Plenário da Comissão 09, da Ala Alexandre Costa (R$ 81 mil) e no Plenário das Comissões 13 (R$ 76 mil). Além dessas obras, o gabinete do senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) também passará por reforma, com custo aproximado de R$ 33 mil.

Exigir coerência da classe política é a mais hercúlea das tarefas, talvez uma missão impossível. Isso porque os políticos ignoram não apenas a gravidade da crise econômica, mas as dificuldades enfrentadas pelos brasileiros no cotidiano.

Quando matérias que visam combater a crise forem à votação, não causará surpresa se a opinião pública desancar para o lado dos parlamentares. O Estado, como um todo, deveria priorizar o corte de gastos, mas ao que parece essa penúria será mais um ingrediente da carestia da população.

Sendo assim, que nenhum político queixe-se de impropérios disparados pelos brasileiros, que não mais suportam esse infindável “faz de conta”.

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