Lava-Jato: empresário afirma que Gleisi, identificada como “coxa”, recebeu R$ 500 mil da Odebrecht

gleisi_hoffmann_1068

Os investigadores da Operação Lava-Jato avançam na lista de políticos que receberam propina do Grupo Odebrecht. Entre os muitos políticos que constam da temida lista consta o nome da senadora Gleisi Helena Hoffmann (PT-PR), que já é ré em processo do Petrolão.

Contudo, a pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR), o ministro Teori Zavascki, relator dos processos da Lava-Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), determinou a instauração de um inquérito sigiloso para apurar se a petista cometeu os crimes de corrupção, lavagem de dinheiro e tráfico de influência.

A ex-ministra da Casa Civil é suspeita de receber R$ 500 mil, através de caixa 2, dinheiro Odebrecht durante as eleições de 2014. Ou seja, a transação suspeita ocorreu depois da deflagração da Lava-Jato, em março de 2014.

De acordo com os investigadores, Gleisi estaria associada ao codinome “coxa” na relação de políticos que receberam dinheiro do Departamento de Operações Estruturadas, nome dado ao setor de propinas do grupo empresarial baiano. Segundo a lista da Odebracht, o empresário Bruno Martins Gonçalves Ferreira seria o responsável por entregar os recursos ilícitos destinados à senadora paranaense.

“Ouvido sobre os fatos, Bruno Ferreira asseriu que levou uma pessoa de nome Leones, chefe de gabinete da Senadora Gleisi Hoffmann, do aeroporto de Congonhas até o edifício da Odebrecht, ocasião em que presenciou reunião entre Leones e Fernando Migliaccio da Silva na qual foi discutido o pagamento de verbas para a campanha da referida senadora”, ressalta o documento da PGR.


Vale destacar que Leones Dall’Agnol coordenou a campanha de Gleisi Hoffmann ao governo do Paraná em 2014, foi chefe de gabinete da ex-ministra na Casa Civil e integrou o conselho de administração dos Correios, presidido pelo ex-ministro Paulo Bernardo da Silva, marido da senadora. Ele foi apontado como destinatário de uma propina de R$ 600 mil, oriunda de contratos dos Correios, na delação premiada do ex-vereador petista Alexandre Romano, conhecido como Chambinho.

Ainda segundo os investigadores da Lava-Jato, Fernando Migliaccio da Silva, ex-diretor da Odebrecht, era um dos responsáveis por administrar o departamento de propinas da empreiteira. O executivo foi preso na Suíça, quando tentava fechar uma conta bancária em Genebra, e extraditado para o Brasil. Denunciado pelo Ministério Público Federal por lavagem de dinheiro, Migliaccio está entre os principais delatores da construtora.

Em setembro passado, Gleisi e Paulo Bernardo tornaram-se réus na Lava-Jato, após o STF aceitar a denúncia apresentada pela PGR, que acusa o casal petista de corrupção passiva e lavagem de dinheiro.

Conforme os investigadores, a petista teria recebido R$ 1 milhão em propina da diretoria de abastecimento da Petrobras para a sua campanha eleitoral ao Senado em 2010. Como se fosse pouco, ao menos sete delatores da Lava-Jato acusaram Gleisi do mesmo crime.

Gleisi e Paulo Bernardo também são alvos da Operação Custo Brasil, que flagrou um esquema criminoso que surrupiou mais de R$ 100 milhões de servidores federais, inclusive aposentados, que recorreram a empréstimos consignados. Ao todo, os dois teriam recebido R$ 7 milhões em vantagens indevidas. O dinheiro teria sido usado para bancar jantares a prefeitos, o motorista particular da senadora e aluguel de um flat usado como escritório informal da campanha. Bernardo foi denunciado pelo Ministério Público Federal por corrupção passiva, lavagem de dinheiro e organização criminosa.

apoio_04