O mais recente Boletim Focus, divulgado nesta segunda-feira (14), mostra uma piora nas projeções para a atividade econômica no Brasil, com recessão maior em 2016 e recuperação mais lenta no ano que vem. Consultados pelo banco Central, os economistas das cem maiores instituições financeiras em atividade no País estimam que o Produto Interno Bruto (PIB) este ano terá retração de 3,37%, contra os 3,31% projetados uma semana atrás e os 3,19% de um mês antes.
Em outubro, o Banco Central informou que o Índice de Atividade (IBC-Br) recuou 0,91% em agosto ante julho. O indicador também atingiu o menor nível desde dezembro de 2009, em claro sinal de dificuldades para a retomada da atividade no Brasil. O que confirma as previsões feitas pelo UCHO.INFO, que continua afirmando que o horizonte começará a ficar menos carrancudo a partir de meados de 2018.
Na ata do último reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), ao abordarem a questão do crescimento, os diretores do BC confirmaram que “os indicadores de agosto situaram-se abaixo do esperado”, porém ponderaram que oscilações tendem a ocorrer em momentos de estabilização da economia.
Para 2017, o cenário é mais favorável, com perspectiva de PIB positivo. Contudo, o mercado reduziu a perspectiva de crescimento de 1,20% para 1,13% no próximo ano. Há um mês estava em 1,30%. No Boletim Focus desta segunda-feira, as estimativas para a produção industrial ainda sugerem cenário difícil. A queda prevista para 2016 passou de 6,00% para 6,06%. Para o ano que vem, a projeção de alta da produção industrial permaneceu em 1,11%.
Já as projeções para o indicador que mede a relação entre a dívida líquida do setor público e o PIB para este ano passaram de 45,15% para 45,42% no Focus. Em outubro estava em 45,00%. Para 2017, as expectativas no boletim Focus foram de 49,80% para 50,10% ante projeção apontada um mês atrás de 49,90%.
Considerando as altas taxas de juro cobradas do consumidor por bancos e financeiras, a paralisia que atingiu o comércio, o elevado índice de desemprego e a inflação, qualquer prognóstico de melhora do cenário econômico no curto prazo é obra do “achismo”. Ademais, não se pode ignorar o quadro político atual, com o governo de Michel Temer na condição de refém do Congresso Nacional e a delação coletiva da Odebrecht, no âmbito da Operação Lava-Jato, prometendo um estrago jamais visto.